Agronegócio brasileiro importa 76% de ingredientes de fertilizantes e agrotóxicos da China, Rússia e Índia, países que enfrentam problemas de produção
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As dificuldades provocadas pela crise energética nos principais países produtores e a dependência do agronegócio brasileiro de insumos importados podem prejudicar a safra 2022/2023. O Brasil importa 76% da matéria-prima de seus fertilizantes e agrotóxicos da China, da Rússia e da Índia, que enfrentam obstáculos para manter o ritmo de produção.
Para tentar reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a China, responsável por um terço dos insumos comprados pela agropecuária brasileira, está mudando sua matriz energética do carvão para fontes mais limpas. E isso fez que o governo chinês aumentasse o preço cobrado pela energia elétrica.
O gigante asiático também passa por um período de estiagem que reduziu a capacidade das hidrelétricas, diminuindo a oferta de eletricidade, além de estar sofrendo com o aumento do preço do gás. Diante desse cenário, a indústria chinesa tem adotado rodízios e ainda não conseguiu alcançar o nível de produção de antes da pandemia.
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As compras de insumos por produtores rurais costumam ser realizadas com antecedência, por isso não há risco de desabastecimento de fertilizantes e agrotóxicos para a safra 2021/2022. No entanto, os agricultores brasileiros já enfrentam dificuldades para garantir o suprimento para a próxima temporada de produção de alimentos.
A cadeia de suplementos está com dificuldade para importar fósforo amarelo por causa dos atrasos nos embarques em decorrência da crise dos contêineres. A matéria-prima é necessária para a produção de fertilizantes químicos usados para preparar o solo para o plantio e utilizada na produção do glifosato, o agrotóxico mais vendido no mundo.
Oficialmente, a Rússia e a China anunciaram limitação na exportação de fertilizantes com o objetivo de proteger as produções locais afetadas pela elevação de preços da energia elétrica. Os embarques russos, por exemplo, estão sujeitos a cotas até o fim do primeiro semestre de 2022.
O agronegócio brasileiro tem tecnologia para substituir os insumos químicos por orgânicos nas lavouras, mas a solução depende de técnicas que devem ser implementadas no longo prazo, como o uso da Integração Lavoura Pecuária Floresta, ou requerem investimento para gerar os recursos ao campo em grande escala, a exemplo dos bioinsumos.
Com isso, o governo tem buscado uma solução de curto prazo para evitar o desabastecimento. Uma das medidas é agilizar o registro de novos fornecedores de fertilizantes e agrotóxicos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que atenua, mas não resolve o problema.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou em live na última quinta-feira (11) que a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, “está se virando atrás de fertilizantes”. A pasta está elaborando uma proposta para otimizar o uso da matéria-prima disponível no Brasil para a produção dos insumos.
Fonte: MAPA.