Confiança de investidores abalada, desvalorização da moeda e perda de competitividade do etanol são consequências previstas por analistas
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Após criticar a Petrobras pela aplicação de preços “excessivos e fora da curva”, referindo-se ao quinto aumento de valor de combustíveis somente em 2021, o Presidente Jair Bolsonaro anunciou, na última sexta-feira (19), a substituição de Roberto Castello Branco por general Joaquim Silva e Luna na presidência da companhia, o que gerou uma série de consequências e pode impactar diversos mercados, inclusive o agronegócio.
Atualmente, a companhia orienta sua política de valores pelo chamado Preço de Paridade Internacional (PPI), baseando-se na cotação de barril de petróleo (matéria-prima de produtos como gasolina, gás e diesel) negociada em dólar e de acordo com a taxa de câmbio.
Segundo a empresa, a ação “é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras”.
Para conter a oscilação, em 12 de fevereiro o governo encaminhou ao Congresso Nacional uma proposta que altera a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), taxa estadual sobre combustíveis, com o objetivo de torná-lo fixo e retirar a competência dos estados sobre as taxas.
Em live realizada na última quinta-feira (17), Bolsonaro afirmou que zerará por dois meses, a partir de 1º de março, os impostos federais sobre o diesel e o gás, gerando mais incertezas e deixando alguns agentes do mercado apreensivos em relação à gasolina.
Em um único dia, as ações da Petrobras tiveram queda de quase 8% e perda de R$ 28,2 bilhões. Não parando por aí, nesta segunda-feira (22) superou 16% de desvalorização.
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Um dos setores mais afetados pelas medidas é o de produção de etanol, uma vez que o engessamento dos valores cobrados pelo diesel pode se estender à gasolina, ocasionando a perda de competitividade do combustível com base na cana-de-açúcar.
Produtores menores, inclusive, já sofrem os efeitos da desvalorização gerada pela tabela única de cotação aplicada aos produtos, o que mina suas capacidades de investimentos e os leva a saírem da cena, que é dominada pelo setor industrial. De todo modo, especialistas da área indicam que os problemas se estenderão a todos, dado o impacto na inflação.
A desvalorização do real, por exemplo, já é esperada, e economistas apontam que as decisões de Bolsonaro vão levar a uma queda de R$ 5 bilhões na arrecadação do governo, ainda sem haver indicativos de como serão compensados os valores relacionados aos impostos congelados.
O contexto leva a um cenário de incertezas de investidores e a um possível aumento do dólar, o que se reflete em todo o cenário nacional. Nesta segunda-feira, as negociações da moeda norte-americana tiveram alta de mais de 2%, cotando-a a R$ 5,51.
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Fonte: Estadão, Guia do Estudante, Money Times.