A cotação da saca da soja chegou a R$ 142 em Paranaguá, um recuo de 24% frente ao preço praticado em junho de 2022
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A cotação da soja no Porto de Paranaguá caiu 24% entre junho de 2022 e abril deste ano, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O preço da saca de 60 quilogramas do grão chegou a R$ 142 e não há perspectiva de alta em um curto prazo, o que tem preocupado os produtores.
Na Bolsa de Chicago, principal mercado global de negociação da commodity, os contratos futuros para maio de 2023 caíram quase 10% entre fevereiro e março. As vendas previstas para setembro recuaram 7,5% nos últimos 60 dias, e o movimento de baixa também foi acompanhado pelos contratos futuros negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Os produtores de soja estão vivendo uma “tempestade perfeita”. Depois de uma lavoura com custos altos de insumos e fertilizantes, a cotação do grão vem apresentando constantes quedas. Entender a razão da baixa no preço pode ajudar a encontrar futuras janelas de negociação, caso a situação se reverta. Veja, a seguir, por que o preço do grão está caindo.
Apesar dos problemas climáticos no Rio Grande do Sul, a soja brasileira deve ter uma safra recorde, com 153 milhões de toneladas produzidas, de acordo com estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Além disso, a área plantada nos Estados Unidos aumentou e deve gerar 123 milhões de toneladas do grão.
A comercialização antecipada da safra 2022/2023 está atrasada em relação às temporadas anteriores, contribuindo para uma maior disponibilidade do grão no mercado. Até o início de abril, apenas 30% do volume foi negociado, enquanto a média dos anos anteriores para o mesmo período foi de 40% a 45%.
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O atraso na comercialização do grão aumentou a competição pela infraestrutura logística, que tem demonstrado ser insuficiente para escoar todos os produtos agrícolas brasileiros ao mesmo tempo. A soja deve estar competindo com o frete para a cana-de-açúcar e com o milho, que também devem registrar aumento de produção nessa safra.
A soja é cotada em dólar e, por isso, qualquer variação na taxa cambial tem um impacto direto no preço. É o que vem acontecendo desde o começo do ano, com o real se valorizando 5% frente a moeda americana e ajudando a derrubar o preço do grão no mercado interno.
A China é o maior consumidor de soja do mundo. No entanto, as importações chinesas no primeiro trimestre de 2023 ficaram 5% abaixo em relação ao mesmo período do ano passado. O país passa por um novo surto de peste suína africana (PSA), com 18 das 31 regiões administrativas registrando casos da doença, o que pode frear ainda mais a demanda chinesa.
Os preços da soja devem continuar caindo no segundo semestre. Apesar disso, o produtor pode esperar um cenário mais favorável para o início da safra 2023/2024, especialmente da curva de queda de fertilizantes e defensivos agrícolas. Isso deve contribuir para a recuperação das margens, que foram estreitadas durante a temporada atual.
Além disso, a quebra de safra na Argentina vai abrir caminho para o farelo e para o óleo de soja do Brasil. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) espera um recorde de produção em 2023, com 51 milhões de toneladas na soma dos dois subprodutos, um avanço de 4% frente ao ano anterior.
Fonte: Consultoria Agro Itaú BBA, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq)