Soja: por que o preço do grão está caindo? - Summit Agro

Soja: por que o preço do grão está caindo?

15 de maio de 2023 4 mins. de leitura

A cotação da saca da soja chegou a R$ 142 em Paranaguá, um recuo de 24% frente ao preço praticado em junho de 2022

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A cotação da soja no Porto de Paranaguá caiu 24% entre junho de 2022 e abril deste ano, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O preço da saca de 60 quilogramas do grão chegou a R$ 142 e não há perspectiva de alta em um curto prazo, o que tem preocupado os produtores.

Na Bolsa de Chicago, principal mercado global de negociação da commodity, os contratos futuros para maio de 2023 caíram quase 10% entre fevereiro e março. As vendas previstas para setembro recuaram 7,5% nos últimos 60 dias, e o movimento de baixa também foi acompanhado pelos contratos futuros negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Quais são as razões para a queda no preço da soja?

(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Safra recorde no Brasil contribui para o aumento da oferta e queda na cotação de soja. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Os produtores de soja estão vivendo uma “tempestade perfeita”. Depois de uma lavoura com custos altos de insumos e fertilizantes, a cotação do grão vem apresentando constantes quedas. Entender a razão da baixa no preço pode ajudar a encontrar futuras janelas de negociação, caso a situação se reverta. Veja, a seguir, por que o preço do grão está caindo.

Safra recorde

Apesar dos problemas climáticos no Rio Grande do Sul, a soja brasileira deve ter uma safra recorde, com 153 milhões de toneladas produzidas, de acordo com estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Além disso, a área plantada nos Estados Unidos aumentou e deve gerar 123 milhões de toneladas do grão.

Comercialização atrasada

A comercialização antecipada da safra 2022/2023 está atrasada em relação às temporadas anteriores, contribuindo para uma maior disponibilidade do grão no mercado. Até o início de abril, apenas 30% do volume foi negociado, enquanto a média dos anos anteriores para o mesmo período foi de 40% a 45%.

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Competição logística

O atraso na comercialização do grão aumentou a competição pela infraestrutura logística, que tem demonstrado ser insuficiente para escoar todos os produtos agrícolas brasileiros ao mesmo tempo. A soja deve estar competindo com o frete para a cana-de-açúcar e com o milho, que também devem registrar aumento de produção nessa safra.

Valorização do real

(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Boletim Focus do Banco Central estima que dólar deve fechar 2023 em R$ 5,25. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A soja é cotada em dólar e, por isso, qualquer variação na taxa cambial tem um impacto direto no preço. É o que vem acontecendo desde o começo do ano, com o real se valorizando 5% frente a moeda americana e ajudando a derrubar o preço do grão no mercado interno.

Demanda chinesa

A China é o maior consumidor de soja do mundo. No entanto, as importações chinesas no primeiro trimestre de 2023 ficaram 5% abaixo em relação ao mesmo período do ano passado. O país passa por um novo surto de peste suína africana (PSA), com 18 das 31 regiões administrativas registrando casos da doença, o que pode frear ainda mais a demanda chinesa.

Projeções para a soja no 2º semestre

Os preços da soja devem continuar caindo no segundo semestre. Apesar disso, o produtor pode esperar um cenário mais favorável para o início da safra 2023/2024, especialmente da curva de queda de fertilizantes e defensivos agrícolas. Isso deve contribuir para a recuperação das margens, que foram estreitadas durante a temporada atual.

Além disso, a quebra de safra na Argentina vai abrir caminho para o farelo e para o óleo de soja do Brasil. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) espera um recorde de produção em 2023, com 51 milhões de toneladas na soma dos dois subprodutos, um avanço de 4% frente ao ano anterior.

Fonte: Consultoria Agro Itaú BBA, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq)

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