Países europeus avaliam retorno de taxa sobre grãos da Ucrânia

2 de maio de 2023 4 mins. de leitura
Primeiros ministros escreveram carta afirmando que isenção de tarifa a produtos agrícolas ucranianos derruba os preços na União Europeia

Os primeiros-ministros da Bulgária, Eslováquia, Hungria, Polônia e Romênia querem que os produtos agrícolas da Ucrânia voltem a ser taxados para entrar na União Europeia (UE). A isenção de tributos de importação fez parte do início das negociações para a entrada dos ucranianos no bloco econômico em 2017 e pode ser prorrogada até 2024. 

A Ucrânia é um grande exportador global de grãos e utilizava os portos do Mar Negro para escoar a sua produção para o mundo. Com o início da guerra promovida pela Rússia, os ucranianos passaram a usar rotas alternativas por dentro do território dos países da União Europeia, como a Polônia e a Romênia. 

Os líderes escreveram uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, argumentando que houve um aumento substancial da entrada de grãos, ovos, aves e açúcar. Esse fluxo de produtos está derrubando os preços locais e prejudicando os agricultores dos outros países, principalmente na Europa Central. 

O ministro da Agricultura polonês renunciou ao cargo após protestos dos agricultores locais contra a isenção de impostos de importação dos grãos ucranianos. A questão das tarifas tem sido um ponto sensível nas relações entre a Polônia e a Ucrânia, e pode afetar as negociações entre a UE e a Ucrânia em relação a acordos comerciais. 

Retorno de taxa é última opção 

Presidente da Ucrânia realizou uma visita oficial à Polônia na tentativa de aumentar os laços entre os dois países. (Fonte: Mateusz Morawiecki/Twitter/Divulgação) 

Embora esteja sendo cogitado, o retorno da cobrança de taxa de importação para os produtos ucranianos deve ser a última opção da União Europeia. Os primeiros-ministros sugeriram uma série de medidas para tentar reduzir as distorções provocadas pela entrada em massa das commodities do país do Leste Europeu. 

Os líderes querem que os grãos produzidos pelos agricultores ucranianos sejam destinados para a África, por meio do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU), com o apoio da União Europeia. Antes da guerra, mais da metade do trigo que abastecia a política de segurança alimentar vinha da Ucrânia. 

O documento também pede mais fundos para financiar os agricultores e promover uma recuperação mais rápida da infraestrutura de transporte para as mercadorias ucranianas. A carta ainda sugere mudanças na legislação do bloco econômico sobre importações agrícolas para tentar regular o volume e o fluxo das commodities. 

Sem esperar pela decisão da União Europeia, as autoridades polonesas adotaram um limite de cotas para os cereais ucranianos dentro do país. A Polônia também deseja oferecer subsídios aos seus agricultores para o transporte de trigo e milho por meio dos portos do Mar Báltico. 

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Como era o imposto de importação? 

Guerra continua atrapalhando produtores rurais ucranianos. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

Antes da suspensão, as tarifas de importação sobre produtos da Ucrânia visavam proteger os produtores agrícolas europeus da concorrência estrangeira e incentivá-los a produzir mais. Os grãos ucranianos eram mais baratos em comparação com os grãos produzidos na União Europeia, o que tornava as importações atraentes para os consumidores europeus. 

As tarifas cobradas para os grãos variavam de acordo com o tipo e origem. Em média, era aplicada uma tarifa média de cerca de 12 euros por tonelada para as importações de trigo ucraniano. 

A suspensão das tarifas tornou as importações de grãos ucranianos mais acessíveis, aumentando a competitividade no mercado europeu, o que fez as importações de cereais da Ucrânia crescerem significativamente nos últimos anos. 

Fonte: Reuters, Comissão Europeia, TSF Notícias 

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