Peste Suína Africana (PSA) dizimou 60% dos rebanhos chineses nos últimos três anos e novas cepas reduzem velocidade da recuperação do plantel
Publicidade
Conheça o mais relevante evento sobre agronegócio do País
A Peste Suína Africana (PSA) atingiu em cheio a China, maior produtor e consumidor de porcos do mundo. A doença dizimou 60% do plantel do país, desequilibrando o mercado global de carnes a partir de 2018.
No fim do ano passado, os chineses estavam começando a reorganizar a produção, com a recuperação do plantel e a adoção de novas técnicas para evitar a contaminação pelo vírus. Entretanto, novas cepas da PSA apareceram na Europa, na África e no próprio território chinês, acendendo um alerta de que uma nova crise no setor de carne suína possa se instalar. A doença atingiu 25% do rebanho suíno do Norte da China no primeiro trimestre de 2021, de acordo com informações da agência Reuters, enquanto na União Europeia dez países proibiram a importação de carne suína da Alemanha, maior produtor do continente.
Por enquanto, a PSA ainda não chegou ao Brasil, que adota medidas para evitar a chegada da doença em território nacional. Apesar disso, devido à grande demanda chinesa por proteína, o mercado nacional deve sofrer com a diminuição da oferta de carne, ao mesmo tempo em que os embarques de soja e milho para a China devem desacelerar.
Leia também:
Sanidade animal: aumenta o cuidado sanitário na criação de suínos
Doenças pecuárias: relembre 3 pestes que afetaram rebanhos pelo mundo
China usa tecnologia para retomar criação de porcos
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a importação de carne pela China deva registrar um aumento de 1% em 2021 em comparação ao ano anterior, devido ao pico de PSA no fim de 2020. Apesar disso, o apetite dos chineses pela proteína animal, em especial pela suína, tem se remodelado nos últimos anos.
Ao longo de 2019, a oferta de carne de porco para os chineses caiu mais de 20%, de acordo com a consultoria Rabobank. Essa redução derrubou o consumo do produto per capita no gigante asiático, que saiu de 40 quilogramas em 2018 para 32,6 quilogramas em 2019, com perspectiva de chegar a 28 quilogramas em 2020, o menor índice desde 1997.
Acompanhando o movimento, o consumo total de proteínas de origem animal, que inclui também aves, bovinos e ovinos, passou de 64 quilogramas per capita em 2018 para 58,8 quilogramas em 2019, chegando a 54 quilogramas em 2020, nível próximo ao registrado em 2008. A queda do consumo total de proteínas animais é menor do que a da carne suína em função do aumento do consumo da carne bovina, ovina e de aves.
Com a redução da oferta de suínos por conta da PSA, o apetite chinês foi direcionado a outras proteínas animais, influenciando todo o mercado global de carnes. Em 2020, os embarques brasileiros de carne bovina fresca e de aves para a China representaram mais da metade das exportações dos dois produtos.
Em 2018, os chineses compravam menos de 1 milhão de toneladas de carnes brasileiras, de acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em 2020, o volume ultrapassou os 2 milhões de toneladas, o que representa mais de 20% de todas as importações chinesas de proteína animal.
A demanda do país da Ásia e a desvalorização do real frente ao dólar podem pressionar os preços das proteínas no mercado brasileiro. Não significa, entretanto, que haverá desabastecimento interno, uma vez que o Brasil é o maior produtor de carne bovina do mundo, o terceiro maior produtor de aves e o quarto maior produtor de suínos.
Não perca nem um fato que acontece no agronegócio. Inscreva-se em nossa newsletter.
Fonte: Avicultura Industrial, 3tres3, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Suíno, O Presente Rural, Beef Point, Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).