A saída do Reino Unido da União Europeia abriu oportunidades para o agronegócio brasileiro no mercado britânico
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O último encontro entre o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, foi marcado por um suposto pedido de ajuda para que o agronegócio brasileiro garantisse “o peru do Natal” dos britânicos, diante de uma crescente crise de abastecimento na terra da Rainha Elizabeth II.
A solicitação anunciada por Bolsonaro em sua live foi desmentida pelos diplomatas de Londres; no entanto, a aproximação entre os dois países continua sendo verdadeira. Com o processo do Brexit, o Reino Unido se aproximou do Brasil visando aumentar a parceria sobre os produtos agropecuários, a fim de substituir o fornecimento de alimentos que tinham origem em países do bloco econômico europeu.
A partir de janeiro de 2021, um novo regime tarifário britânico entrou em vigor. Com isso, os impostos sobre importação de 563 produtos agropecuários foram reduzidos ou zerados, de acordo com um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária e do Brasil (CNA). A nova legislação abre uma grande oportunidade para o agronegócio brasileiro, que pode aumentar a sua relevância comercial devido à falta de alimentos no Reino Unido.
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As importações britânicas vinculadas ao agronegócio estão em torno de US$ 106 bilhões por ano. Cerca de 47% desse volume terá algum benefício tarifário com a nova tarifa global do Reino Unido, conforme cálculo da CNA.
Um pouco menos da metade do que foi exportado pelo Brasil em 2019 (US$ 533 milhões) terá alguma flexibilização tarifária. A CNA identificou que as maiores oportunidades devido à redução de impostos de importação somam, aproximadamente, US$ 80 milhões em produtos embarcados.
Os principais alimentos beneficiados serão as frutas. Por exemplo, os liomões tiveram reduções tarifárias de até 14 pontos percentuais na comparação com as tarifas máximas aplicadas pela União Europeia. Uvas e maçãs também tiveram diminuição de impostos.
As tarifas para algodões e outros produtos têxteis foram zeradas. O mesmo aconteceu para óleos essenciais, cacau em pó, sorgo de grão, farinha de milho, couros e peles. Outros produtos de origem animal impróprios para o consumo humano, sucos e extratos de mamão seco, gomas de mascar e gelatinas também ficaram isentos.
Em fevereiro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Departamento do Meio Ambiente, Alimento e Assuntos Rurais do Reino Unido assinaram um documento visando à criação de um Comitê Conjunto de Agricultura (CCA) entre os dois países.
O grupo tem como objetivo garantir a continuidade das conversas bilaterais em torno de questões relacionadas ao comércio de produtos agropecuários, possibilitando potenciais arranjos comerciais no futuro.
O comitê também trabalhará para facilitar regulamentações e certificações técnicas relacionadas a matérias agrícolas, discutir questões sobre normas sanitárias internacionais e sustentabilidade na produção agropecuária. Além disso, as autoridades pretendem estabelecer uma cooperação na pesquisa e na inovação tanto na área de agricultura quanto de abastecimento.
As exportações do agronegócio brasileiro para o Reino Unido cresceram 5% entre 2019 e 2020, saindo de US$ 1,03 bilhão para US$ 1,08 bilhão. No ano passado, os principais produtos exportados foram soja e aves com, respectivamente, US$ 220 milhões e US$ 204 milhões em embarques. Os alimentos de origem bovina, o café, o açúcar e o álcool etílico também tiveram relevância.
Fonte: Governo do Brasil, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).