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Como o conflito do leste europeu afeta o agronegócio

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A Rússia começou a realizar ataques contra a Ucrânia na madrugada desta quinta-feira (24). Esperava-se que os confrontos ficassem restritos ao leste do país, onde separatistas lutam pela independência da região. O governo do presidente russo Vladimir Putin reconheceu as zonas separatistas de Lugansk e Donetsk como independentes e ofereceu ajuda militar a elas. Nesta madrugada, porém, a Rússia iniciou ataques por terra, ar e mar em diversos pontos da Ucrânia.

A Rússia defendeu as ações sob o pretexto de proteger os separatistas de um genocídio perpetrado pelo exército ucraniano. Putin ainda ameaçou os países que se envolvam nos confrontos, afirmando, em discurso, que “sofrerão as consequências”.

Confirmação dos ataques

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou no Twitter que a Rússia “lançou uma invasão em grande escala” ao país e pediu a ação de líderes internacionais contra Putin.

Agências de notícias internacionais confirmam ataques em diversos pontos da Ucrânia. A polícia local afirma que o país sofreu 203 ataques desde o início do dia até as 11h. Apesar de a Rússia afirmar que apenas instalações militares foram atingidas, os ucranianos denunciam o ataque de zonas portuárias e aeroportuárias. Os confrontos já foram ouvidos nas proximidades de Kiev, capital do país.

A invasão é vista como o maior ataque entre potências mundiais desde a Segunda Guerra Mundial, e o decorrer dos acontecimentos pode definir o tamanho do confronto e suas consequências para o mundo.

Rússia realocou tropas para as zonas separatistas da Ucrânia. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Sanções à Rússia

Nesse contexto, os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, que já haviam declarado sanções à Rússia, preparam um pacote ainda mais severo. As sanções podem ir desde limitar as exportações para a Rússia até excluir o país do sistema internacional de transferências bancárias pela Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT).

O Ocidente, porém, anda na corda bamba. A economia mundial pode ser afetada no caso de uma guerra ou se a economia russa entrar em colapso. A Europa vive uma situação ainda mais delicada, já que 40% do gás natural consumido no continente vêm da Rússia. Há teorias de que os Estados Unidos estariam receosos com o aumento da parceria realizada pela expansão de gasodutos entre Rússia e Alemanha, o que aumentaria a dependência do continente em relação ao governo do Kremlin.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também deve informar nas próximas horas se dará apoio militar para a Ucrânia. Nesta manhã, a Bolsa russa caiu mais de 50%, e o rublo atingiu sua menor cotação histórica.

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Aproximação da Ucrânia com a Otan preocupa Rússia pela influência do Ocidente na região. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Efeitos no agronegócio brasileiro

Esse delicado jogo de xadrez, além de colocar a vida de muitos civis ucranianos e de soldados dos dois países em risco, pode afetar diversos setores da economia mundial, inclusive o agronegócio brasileiro.

Petróleo

A Rússia é o segundo maior produtor de petróleo do mundo. A ausência do produto no mercado internacional certamente elevará os preços, que afetam toda a cadeia produtiva e de transporte do agronegócio.

Com as notícias da invasão na Ucrânia, o barril de petróleo Brent ultrapassou pela primeira vez o valor de US$ 100, e o WTI está próximo de alcançar a marca. O mundo ainda espera o posicionamento dos EUA, da Europa e da Otan para saber quais serão as sanções impostas à Rússia. Existe a probabilidade de que o valor do petróleo suba muito mais.

Milho

A Ucrânia é o terceiro maior produtor de milho do mundo e compete com os Estados Unidos como maior exportador do grão para a China. As tensões entre os países já estão influenciando o preço da commodity, que teve aumento de 3% no valor negociado na Bolsa de Chicago.

No Brasil, o preço se mantém em alta, acompanhando o mercado internacional. Apesar da boa colheita na primeira safra, os preços continuam pressionados para cima.

Outros grãos

Trigo e soja são outros grãos que sofrem influência direta da participação ucraniana e russa no mercado. Com a movimentação de tropas, o trigo disparou e teve aumento de 5,3% na Bolsa de Chicago. O óleo de soja, por sua vez, teve aumento de 4,4%. As cotações do milho e da soja encerraram a sessão de quarta-feira (23/02) com os maiores preços negociados da história.

A influência do valor internacional da soja e do milho afeta diretamente o mercado brasileiro e o agronegócio, uma vez que pode elevar o preço das carnes, já que são a base da alimentação de bovinos, aves e suínos.

Fertilizantes

O produtor rural, que já vinha sofrendo com o preço dos fertilizantes, pode ter más notícias caso a situação do leste europeu não se resolva. A Rússia é a maior exportadora de insumos agrícolas para o Brasil, e se o mercado já estava com dificuldades, a situação pode piorar. Sanções nas exportações e a possibilidade de conflito maior vão afetar diretamente o preço dos fertilizantes no País, que ainda paga o preço por ser tão dependente dos insumos importados, com cerca de 85% dos defensivos agrícolas usados no País sendo de origem externa.

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Fonte: Fertilizantes Heringer, Estadão.

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