Como novas sanções dos EUA contra a China podem afetar agronegócio brasileiro

15 de dezembro de 2020 4 mins. de leitura
EUA e China brigam pelo título de maior economia mundial, e agronegócio brasileiro pode continuar se beneficiando da disputa

Os últimos dois anos foram marcados por uma batalha comercial dos Estados Unidos contra a China. A guerra tarifária, com imposição de aumento de impostos por ambos os lados, acabou beneficiando diretamente o agronegócio brasileiro, em especial nas exportações de soja, milho e carne bovina.

Em janeiro de 2020, os dois países do hemisfério norte ensaiaram uma trégua, com a assinatura de um acordo comercial que previa maior compra de produtos estadunidenses pelos chineses. Entretanto, o pacto não avançou muito, e o aumento de taxas de importação entre os países não teve recuo.

A vitória de Joe Biden nas eleições dos EUA para a presidência da República deu outro sinal de que o conflito poderia cessar ou diminuir, mas a gestão do Presidente Donald Trump ainda deseja criar sanções contra os chineses nos últimos dois meses de mandato.

Aliança Ocidental contra a China

Países ocidentais tentam construir estratégia com os EUA para fazer frente ao poderio econômico chinês. (Fonte: Shutterstock)
Países ocidentais tentam construir estratégia com os EUA para fazer frente ao poderio econômico chinês. (Fonte: Shutterstock)

Os EUA pretendem criar uma aliança informal de nações ocidentais para se defender de eventuais pressões comerciais dos chineses. O plano começou a ser desenhado em abril, quando a Austrália pediu uma investigação sobre as origens da covid-19. Em resposta, o embaixador da China em Camberra sugeriu que a população chinesa boicotasse os produtos australianos.

As intenções estadunidenses encontram eco na União Europeia. O bloco econômico preparou um anteprojeto para revitalizar a parceria com os EUA e fazer frente ao poderio chinês. O documento apoia a iniciativa de Biden para realizar uma conferência de cúpula das democracias ainda no primeiro semestre de 2021.

Acordo econômico no Pacífico

Enquanto os países ocidentais tentam reatar os laços comerciais, os chineses seguem pavimentando o caminho para se tornarem a maior economia do mundo, desbancando os EUA. Em novembro, a China assinou um pacto comercial de livre-comércio com 14 países da região do Pacífico que somam 2,2 bilhões de pessoas, tornando a iniciativa um dos maiores acordos regionais do mundo.

O tratado envolve dez países do Sudeste Asiático, além de Austrália, China, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul, e acontece após a retirada dos EUA de acordos comerciais abrangentes na região, como a Parceria Transpacífica.

Impacto para o agronegócio brasileiro

Exportações do agronegócio brasileiro para o mercado chinês deram salto por conta do conflito comercial sino-americano. (Fonte: Shutterstock)
Exportações do agronegócio brasileiro para o mercado chinês deram salto por conta do conflito comercial sino-americano. (Fonte: Shutterstock)

O Brasil compete com os EUA na liderança mundial da produção e da exportação de commodities agropecuárias. Os dois países têm sistemas produtivos semelhantes, o que resulta em alta concorrência no mercado mundial para vários setores, como soja, milho, etanol, açúcar e proteína animal. Em contrapartida, os chineses são os maiores consumidores globais desses produtos.

Dessa forma, é de se esperar que a possível manutenção do conflito entre Washington e Pequim continue beneficiando o agronegócio do País, mas isso não deve acontecer de forma automática. O governo brasileiro também tem elevado o tom das críticas ao regime chinês, enquanto o gigante asiático busca reestruturar sua cadeia produtiva após a pandemia, para reduzir a dependência externa.

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Fonte: Estadão, Blog do Ibre/Fundação Getúlio Vargas (FGV), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

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