Acordo entre EUA e China apresenta desafios para exportação brasileira

22 de janeiro de 2020 5 mins. de leitura
Guerra fiscal entre as nações trouxe consequências para a economia global

Os Estados Unidos e a China têm travado uma guerra fiscal que, desde o começo de 2018, mexe com a economia de todo o planeta. Os países com os dois maiores PIBs do mundo têm criado tarifas e outras barreiras comerciais nas suas relações econômicas, com sérias consequências para os agricultores norte-americanos. Mas as decisões do presidente Donald Trump e do presidente chinês, Xi Jinping, vêm refletindo em outras regiões do mundo, inclusive no mercado agrícola brasileiro.

As declarações dos líderes das duas nações levam a crer que um acordo para o fim da guerra fiscal é iminente. No último dia 12 de dezembro, Trump publicou em sua conta oficial no Twitter que a negociação ia bem. “Estamos muito próximos de um grande negócio com a China”, antecipou o presidente estadunidense. “Eles querem isso, e nós também”, concluiu.

Logo depois, começaram a surgir especulações de que o governo dos EUA inclusive já teria assinado a primeira fase do acordo para encerrar a guerra fiscal com a China. De acordo com a Bloomberg, a negociação teria evitado que os EUA implementassem tarifas na casa de US$ 160 bilhões (R$ 654 bilhões) para produtos importados da nação asiática. Além disso, o negócio firmado com a China incluiria a promessa de que serão comprados mais bens agrícolas dos Estados Unidos.

O que isso significa para o Brasil

máquina agrícola realizando colheita
(Fonte: Pexels)

O resultado das negociações entre as duas maiores economias do mundo terá consequências diretas para o comércio exterior de outros países. É o caso do Brasil e das suas relações com seu maior parceiro comercial, a China. De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, as exportações brasileiras totais somam US$ 205,8 bilhões em 2019, sendo US$ 57,6 bilhões exportados apenas para o país asiático. Somente em 2019, registrou-se uma queda de 2% no comércio entre Brasil e China, em especial por causa da redução de 23,8% na venda de soja para o nosso parceiro comercial.

Antes mesmo de um acordo entre Estados Unidos e China ser firmado, nosso país já está enfrentando dificuldades com suas exportações. Em novembro, o comércio com o país asiático apresentou uma queda de 10,3%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Enquanto isso, as relações com os Estados Unidos — o segundo maior parceiro comercial brasileiro — estão estagnadas. Houve uma queda de 4,7% nas exportações para os EUA, em comparação com novembro de 2018.

O conflito econômico entre os Estados Unidos e a China teve início em 2018, quando o governo do presidente Donald Trump começou a implementar tarifas e barreiras comerciais sobre a China. A ideia, segundo o líder norte-americano, seria fazer com que a nação asiática pare com o que os estadunidenses consideram “práticas comerciais injustas” — o que incluiria aumentar o déficit comercial entre os países, o suposto roubo de propriedade intelectual e uma transferência forçada de tecnologia dos EUA para a China.

O impacto da guerra fiscal na agricultura

grãos de seja sendo segurados na mão
(Fonte: Pixabay)

A questão começou a ter um impacto na agricultura no dia 2 de abril de 2018, quando o Ministério do Comércio chinês respondeu à estratégia fiscal dos EUA com a imposição de tarifas em 128 produtos importados dos Estados Unidos. Isso incluiu carne suína, soja e frutas, assim como produtos de outras áreas, como aviões, carros, alumínio e tubulações de aço. Decisões como essas afetaram de maneira considerável os agricultores norte-americanos, que tiveram forte queda nas importações.

Enquanto isso, havia uma expectativa de aumento na procura pela soja brasileira. Afinal, os EUA costumavam ser o maior fornecedor do produto para a China, que implementou tarifas de 25% sobre importações do tipo vindas da nação norte-americana. Ao longo de 2019, a China seguiu sendo o primeiro destino da soja oriunda do Brasil, mas a desaceleração da sua economia significou que essas exportações não cresceram tanto quanto o esperado.

As negociações entre Estados Unidos e China são marcadas por um vai e vem de conversas e de aumentos de tarifas entre as nações. Em outubro de 2019, foi realizada a 13ª rodada de negociações entre as equipes de Donald Trump e Xi Jinping. Essa foi apenas mais uma etapa após 14 meses de tentativas de alcançar um acordo — a primeira reunião aconteceu em agosto de 2018. Quando essa situação será resolvida por completo é algo que só os poderosos chefes de Estado sabem.

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Fontes: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Bloomberg.

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