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Como a União Europeia vai vetar produtos agrícolas ligados ao desmatamento?

O Parlamento da União Europeia aprovou o projeto que proíbe a importação de produtos agrícolas ligados ao desmatamento. A medida ainda depende de aprovação dos 27 Estados-membros, mas tem previsão para começar no final de dezembro de 2024 e deve impactar diretamente no agronegócio brasileiro.

A produção de soja, milho, café, madeira, cacau, óleo de palma, borracha e de origem animal que estão em áreas desmatadas a partir de 2021 não poderão ser exportadas para o bloco econômico. Os agricultores deverão comprovar que não estão inseridos em locais com degradação devido ao “excesso de atividades agropecuárias”.

A legislação tem gerado preocupação no setor por conta do texto vago e de exigências que podem gerar maiores custos para exportação. Uma das maiores dúvidas é se os mecanismos de controle do desmatamento realizados pelo Brasil serão suficientes para atender ao novo regramento aprovado pelos parlamentares europeus.

Quais são as novas regras de importação da União Europeia?

O café é um dos produtos agrícolas atingidos pelo novo regulamento europeu. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

As novas regras de importação da União Europeia visam garantir que as commodities importadas não estejam ligadas ao desmatamento em áreas com extensão maior que 0,5 hectares que tenham até 10% de cobertura de árvores de até 5 metros de altura, sem diferenciar se o desflorestamento foi legal ou ilegal segundo o Código Florestal Brasileiro.

As empresas importadoras serão obrigadas a realizar auditorias para rastrear a origem dos produtos e garantir que não provenham de áreas desmatadas. Os produtos importados provenientes de áreas consideradas de alto risco de desmatamento estarão sujeitos a verificações mais rigorosas pelas importadoras.

As punições para o não cumprimento das regras incluem suspensão das importações, apreensão ou destruição de produtos e multa de até 4% do faturamento anual da operadora. O regulamento prevê uma revisão após dois anos para avaliar a necessidade e a viabilidade de estender as regras a outras commodities e ecossistemas.

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Como a medida impacta o agronegócio?

Legislação europeia desconsidera esforços brasileiros para produzir alimentos sem pegada de carbono. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A União Europeia é o segundo destino das exportações brasileiras de produtos agrícolas, atrás apenas da China. O bloco econômico comprou US$ 25,5 bilhões do agronegócio brasileiro em 2022, com cerca de 60% dos embarques de commodities que estão inseridas dentro do novo regulamento de importação.

O Brasil fornece quase metade da soja importada pelos europeus, correspondente a um volume de US$ 8,8 bilhões em negócios. O bloco econômico comprou cerca de 50% do café brasileiro exportado, movimentando mais de um milhão de toneladas do grão que renderam US$ 4,4 bilhões no ano passado.

No caso da carne bovina, foram embarcadas 85 mil toneladas para o bloco, gerando US$ 650 milhões em receita. Ainda que o volume não seja tão expressivo frente ao total de US$ 13 bilhões exportados pelo Brasil, o diferencial das vendas para a Europa está no prêmio pago ao produtor, que gera valor agregado ao produto agrícola brasileiro.

Brasil deve recorrer da decisão junto à OMC

Brasil planeja recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a nova legislação da União Europeia. O País considera a medida injusta e discriminatória. O governo brasileiro argumenta que a regulamentação impõe barreiras comerciais sem justificativa e cria um ônus maior para os exportadores brasileiros.

Além disso, o Brasil contesta a classificação arbitrária de países por risco de desmatamento estabelecida no regulamento da UE. A forma como a legislação foi elaborada, ao não diferenciar o desmatamento legal do ilegal, é vista como problemática pelas autoridades brasileiras, pois coloca o País em desvantagem em relação a outros concorrentes.

Outro ponto de preocupação é que a nova legislação pode afetar negativamente as negociações do acordo comercial entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia, que já estavam em andamento. O Brasil teme que as restrições impostas prejudiquem o acordo comercial e impactem negativamente as relações comerciais entre os dois blocos.

Fontes: Valor Econômico, Estadão, Rádio Câmara, União Europeia, Ministério da Agricultura e Pecuária

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