Óleo de palma: por que é considerado danoso?
O óleo de palma é um produto extraído do dendezeiro, uma palmeira originária da África, que já faz parte da alimentação humana há mais de 5 mil anos. Também chamado de azeite de dendê, o produto é o óleo vegetal com maior produção mundial.
O dendê fornece dois tipos de óleo: o de palma, extraído da polpa, e o óleo extraído da amêndoa, chamado de óleo de palmiste. Cada palma pode render até 5 toneladas de óleo por ano — volume 5 a 10 vezes superior comparado a outros óleos vegetais. Além disso, o cultivo exige menos terra para render a mesma quantidade de óleo do que seus principais substitutos.
Os principais produtores de óleo de palma são a Malásia e a Indonésia; juntos, os países vizinhos são responsáveis por cerca de 87% da produção mundial. O Brasil produz aproximadamente 0,5% do azeite de dendê consumido no mundo, sendo o Pará o maior Estado produtor.
Acredita-se que os dendezeiros foram introduzidos no Brasil no século 16 e se adaptaram muito bem, principalmente ao clima tropical das Regiões Norte e Nordeste.
Fabricação, propriedades e usos do óleo de palma
Depois de colhidos, os frutos são aquecidos e se retiram as amêndoas. O processo, então, segue caminhos diferentes para a obtenção do óleo bruto (óleo de palma) e o óleo de palmiste.
O óleo de palma é rico em vitamina A, vitamina E e outros antioxidantes, ômega 6 e ômega 9, além de ácido esteárico e ácidos graxos, como o ácido palmítico.
Estima-se que 72% da produção mundial de óleo de palma siga para a indústria alimentícia. O produto é usado em diversos alimentos, e, em muitos deles, é matéria-prima, como nas margarinas, nos sorvetes, em cremes, recheios de biscoitos, chocolates e, é claro, no óleo de cozinha. Além disso, é usado em uma infinidade de outros produtos, pois tem textura macia e não tem odores fortes que atrapalhem o sabor dos alimentos.
Outra vantagem do óleo de palma para a indústria alimentícia é que ele tem conservantes naturais que aumentam a vida dos produtos nos quais é utilizado e não contém gordura trans.
As propriedades do óleo de palma também o tornam muito útil para a indústria de cosméticos e de beleza. Seus antioxidantes combatem radicais livres e são de alta absorção. Por isso, o óleo é usado para fabricação de sabões e detergentes especiais, além de outros produtos que combatem rugas e marcas de expressão e em produtos para os cabelos.
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Desvantagens do óleo de palma
Apesar dos benefícios, o óleo de palma pode ser danoso à saúde, principalmente se consumido em excesso e em alguns tipos de preparo. O óleo de palma pode chegar a ter 50% de teor de gordura saturada, enquanto no palmiste este índice chega até a 80%.
Em alguns dos preparos na indústria, o óleo é mantido em temperatura ambiente, em um estado semissólido, e pode causar intoxicações no corpo, em casos de oxidação.
Com altos graus de ácidos saturados que podem aumentar o mau colesterol (LDL), a identificação do óleo de palma nos produtos se tornou obrigatória, e a recomendação é de que o consumo seja moderado.
Depois dos grandes avanços do óleo de palma e sua introdução em diversas indústrias, seus efeitos nocivos para o meio ambiente tornaram-se evidentes. De baixo custo de produção e com alto rendimento e demanda, as áreas de produção dos dendezeiros avançaram sobre florestas tropicais, destruindo algumas regiões com a maior biodiversidade do planeta.
A introdução de extensas monoculturas nessas áreas também foi responsável pela emissão de gases causadores do efeito estufa e pelo esgotamento do solo. Os biomas mais prejudicados foram justamente nos dois países que mais produzem o óleo, a Malásia e a Indonésia. As palmas se desenvolvem em temperaturas de 25ºC a 30ºC, com taxa de umidade de 60%; por isso, as áreas tropicais são o alvo preferencial dos produtores.
Devido aos problemas ambientais causados mundialmente, muitos produtos fazem questão de colocar no rótulo que não contêm óleo de palma. Alguns países também começam a dificultar a importação de produtos que utilizem óleo de regiões desmatadoras.
O óleo de palma tem características importantes para a indústria alimentícia, mas seu consumo deve ser limitado e sua produção deve respeitar o meio ambiente. A exploração predatória das poucas áreas de floresta que restam ao planeta aceleram os efeitos do aquecimento global e podem atingir um ponto sem retorno, prejudicial a todo o planeta.
Fonte: Ecycle, Greenme, Korui, Abrapalma, LifeStyle