China pós-pandemia: como isso afeta o agronegócio brasileiro?

18 de julho de 2020 5 mins. de leitura
O país asiático deve aumentar a segurança alimentar, diversificar seus canais de importação e mudar suas estratégias de aquisição após pandemia do coronavírus
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A situação da China agora e nos próximos anos

Nos próximos anos, a China ainda deve ser o maior destino das exportações mundiais. (Fonte: Shutterstock)importação agricultura chinesa
Nos próximos anos, a China ainda deve ser o maior destino das exportações mundiais. (Fonte: Shutterstock)
No primeiro trimestre de 2020, a China enfrentou uma queda de 6,8% no PIB — a primeira contração em décadas —, gerada em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Entretanto, passado o pico de contaminação, o governo chinês desenha uma reforma agrícola no país a fim de se prevenir em situações similares no futuro. Os maiores investimentos são direcionados a políticas públicas que priorizam o desenvolvimento agrícola nacional, diminuindo a dependência de produtos básicos importados. No entanto, a China provavelmente continuará a ser, em médio prazo, o maior mercado de destino das exportações mundiais. Isso porque, até 2025, estima-se que a população do país chegue a 1,438 bilhão, com 65,4% vivendo nas áreas urbanas. Com cerca de 230 milhões de agricultores trabalhando atualmente no campo (número que tende a diminuir cada vez mais nos próximos anos), a China terá ainda menos condições de suprir o mercado interno se medidas não forem tomadas. Os principais produtos importados hoje são grãos – como as commodities de soja e milho – e proteína animal, especialmente carnes bovina e suína.

A estratégia chinesa e o impacto no Brasil

As novas estratégias adotadas pelo país asiático certamente impactarão o agronegócio brasileiro. (Fonte: Shutterstock)mercado chinês
As novas estratégias adotadas pelo país asiático certamente impactarão o agronegócio brasileiro. (Fonte: Shutterstock)
O estudo realizado pela Sire destaca quatro principais estratégias que serão adotadas pelo governo chinês:
  • Diversificar geograficamente a importação (com uma nova rota que ligará diversos países) e a produção agrícola para aumentar a capacidade de produção e processamento de alimentos.
  • Repensar o gerenciamento de inventários, priorizando o estoque de alimentos para situações como a que vivemos hoje.
  • Modernizar tecnologicamente a cadeia de suprimentos da indústria de alimentos, especialmente o setor agrícola.
  • Revisar a estratégia de desenvolvimento agrícola nacional, especialmente no que diz respeito a mão de obra, suprimento de alimentos, escassez e picos.
O documento destaca que, se essas profundas alterações se materializarem, causarão impactos importantes nos parceiros comerciais da China, o que inclui o Brasil. Em maio, já sentimos um pouco dos reflexos que mudanças de estratégias do país asiático podem causar por aqui, quando as autoridades chinesas determinaram aos importadores locais o acúmulo de estoque de grãos, como soja e milho. Portanto, como o documento alerta, é preciso estar atento às mudanças que em breve serão implementadas. Para garantir a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, as autoridades também planejam estudar novos parceiros comerciais e rever a cadeia de produção dos diversos produtos exportados para a China. Quer ficar por dentro das novidades sobre exportações no agronegócio? O Summit Agronegócio reúne especialistas e autoridades para discutir os temas mais relevantes do setor, como impacto do aumento do dólar e da pandemia nos preços, demandas e expectativas, além de selos necessários. Faça parte da evolução do agro e participe do evento mais completo do setor. Para saber mais, é só clicar aqui! Fonte: Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire).

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