Procura chinesa por carne brasileira pode acarretar em aumento de preços no mercado interno
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A China aumentou sua importação de carnes e miúdos em 63% durante setembro de 2020, segundo os dados do Departamento de Alfândegas da China (GAAC). O país asiático chegou a adquirir 830 mil toneladas do produto pela quantia de US$ 2,325 bilhões, totalizando um crescimento de 40,5% nos gastos com importação em comparação com o ano anterior.
Segundo o Ministério da Economia, a China é a principal parceira comercial do Brasil desde o ano de 2009. Dessa forma, a crescente demanda chinesa por carne bovina pode surgir como uma ótima oportunidade de mercado para a pecuária brasileira e resultar em alguns impactos nos preços dentro do comércio doméstico.
Apenas nos nove primeiros meses de 2020, a China concluiu a aquisição de 7,41 milhões de toneladas de carnes e miúdos oriundos dos seus parceiros comerciais. Somente de carne suína foram 380 mil toneladas no mês de setembro, volume 121,6% superior ao do mesmo período de 2019.
Já para carne bovina, os asiáticos importaram 180 mil toneladas durante o nono mês do ano, com alta de 18,9% na comparação entre os dois anos. Um dos motivos que levaram a movimentação atípica no mercado chinês tem sido os surtos de peste suína africana (PSA), que dizimou boa parte dos rebanhos do país nos últimos dois anos.
Essa é uma ótima oportunidade comercial para o Brasil, que já havia presenciado uma exportação de sua carne bovina para os asiáticos durante o mês de março, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Em meio à pandemia de coronavírus, a Abiec afirma que, atualmente, a China representa 35% das compras do produto nacional.
Quem deve sentir o peso das negociações internacionais brasileiras durante os próximos meses é o mercado doméstico de carne suína e bovina. O crescimento da demanda internacional pode ser responsável por provocar uma oferta incapaz de cobrir a procura por parte dos consumidores brasileiros e elevar o preço dos produtos nas prateleiras dos supermercados.
Além disso, os crescentes surtos de covid-19 aparecem como um empecilho no funcionamento dos frigoríficos e outras partes da cadeia pecuária. Os Estados Unidos, por exemplo, tiveram que fechar temporariamente 20 unidades de processamento de carne após 6,5 mil funcionários serem infectados pelo vírus.
Caso ocorra um “fenômeno” similar em território brasileiro, a queda na capacidade de processamento de carne deve acarretar em um grande diferencial de preços no mercado doméstico resultante do desabastecimento generalizado no comércio.
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Fonte: Diálogo Chino, Associated Press.