Carne suína: exportação brasileira para China cresce 40%

5 de julho de 2021 4 mins. de leitura
Com preço em recuperação no mercado interno, exportações de carne suína podem chegar a 100 mil toneladas por mês, segundo Conab

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A demanda mundial por carne suína tem puxado as vendas externas brasileiras da proteína. Somente a China elevou em 40% as importações do produto durante os primeiros quatro meses de 2021 frente ao mesmo período do ano anterior, de acordo com análise de conjuntura divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Os chineses ainda estão em processo de recomposição do plantel de porcos, que foi afetado pelas incertezas geradas por novos surtos da peste suína africana em fevereiro. A recuperação completa da produção no gigante asiático só deverá ser sentida a partir de 2022, quando o ritmo da importação da proteína brasileira poderá ser reduzido.

Chile, Argentina e Filipinas também aumentaram o apetite pela carne de porco brasileira no primeiro quadrimestre. As vendas para o mercado externo podem alcançar o patamar de 100 mil toneladas por mês, segundo análise da Conab, o que deve mexer com os preços dos animais no mercado brasileiro.

Preço da carne suína

Alta do milho e da soja desafia suinocultores brasileiros. (Fonte: Shutterstock/TippaPatt/Reprodução)
Alta do milho e da soja desafia suinocultores brasileiros. (Fonte: Shutterstock/TippaPatt/Reprodução)

A alta demanda externa fez que o preço do suíno no Brasil voltasse a subir em abril deste ano depois de um movimento de desvalorização iniciado em dezembro de 2020, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Apesar da valorização, o preço do animal vivo voltou a cair em maio e no início de junho.

A tendência de baixa da proteína tem gerado preocupação entre os suinocultores, que vêm enfrentando dificuldades para repassar a alta dos custos de produção, em especial com ração animal. Dados do Cepea apontam que a relação de troca do suíno vivo por milho no fim de maio foi a mais desfavorável ao pecuarista desde 2004, quando foi iniciada a série histórica. Em 24 de maio, o suinocultor paulista conseguia comprar 3,21 quilos do cereal com a venda de 1 quilo de suíno.

Para tentar controlar a alta dos grãos, o governo brasileiro suspendeu a alíquota de importação do Mercosul para a soja e o milho até o fim de 2021. A medida, contudo, é considerada insuficiente por entidades representantes da suinocultura, que pedem também que sejam zeradas as cobranças de impostos como PIS/Cofins e ICMS sobre o milho importado.

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Suinocultura brasileira

Na última década, Brasil reduziu plantel de porcos, mas elevou a produção de carne suína. (Fonte: Shutterstock/C.Lotongkum/Reprodução)
Na última década, Brasil reduziu plantel de porcos, mas elevou a produção de carne suína. (Fonte: Shutterstock/C.Lotongkum/Reprodução)

O plantel brasileiro de suínos caiu de 2,4 milhões de cabeças em 2010 para 1,97 milhão em 2020, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Apesar disso, a produção nacional de carne suína subiu de 3,2 milhões para 4,43 milhões de toneladas, mostrando a elevação da produtividade no País.

O mercado interno é destino de 77% da produção nacional da proteína, enquanto 23% são exportados. Em 2020, o Brasil vendeu no mercado internacional 2,2 milhões de toneladas do produto, e cerca de 79% dos embarques tiveram como destino a Ásia, especialmente a China.

Santa Catarina é o maior produtor nacional da carne suína e respondeu, no ano passado, por 30,73% da produção e por 51,68% das exportações brasileiras. O estado tem certificação internacional sanitária como zona livre de peste suína clássica desde 2014.

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Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Suinocultura Industrial, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Governo de Santa Catarina. 

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