Brasil atrai investimento internacional para recuperar pastagens

29 de agosto de 2023 4 mins. de leitura
Mapa busca US$ 120 bilhões no exterior para financiar recuperação de 40 milhões de hectares

O Brasil planeja atrair investimentos internacionais da ordem de US$ 120 bilhões para aplicar na recuperação de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas durante 10 anos. O plano despertou o interesse de representantes do Banco de Exportação e Importação da Coreia do Sul (Korea Eximbank) e da Companhia Saudita de Investimento Agrícola e Pecuária (Salic).

Os investimentos seriam utilizados para adotar a tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para recuperar e converter as áreas de pastagens. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), isso permitirá dobrar a produção de alimentos do Brasil, sem a necessidade de desmatamento para abertura de novos cultivos.

A distribuição dos recursos será realizada com a coordenação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), utilizando a capilaridade das mais de 5 mil agências do Banco do Brasil. No entanto, ainda não há previsão sobre o início de liberação do financiamento aos produtores rurais.

Onde estão as áreas de pastagens degradadas?

A recuperação de áreas degradadas eleva a produtividade da pecuária e abre áreas para lavouras sem a necessidade de desmatamento. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A recuperação de áreas degradadas eleva a produtividade da pecuária e abre áreas para lavouras sem a necessidade de desmatamento. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O Brasil tem cerca de 90 milhões de hectares de áreas de pastagens degradadas, o que corresponde a metade das áreas destinadas a pasto, segundo estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A área deteriorada é superior, inclusive, aos 77 milhões de hectares destinados ao cultivo de grãos.

Amazônia é o principal bioma atingido, com 55 milhões de hectares de pastagens degradadas, o que corresponde a 44% dos locais dos pastos presentes no ecossistema. No Cerrado, as áreas em deterioração representam 56% e somam uma área de mais de 47 milhões de hectares.

A Mata Atlântica é o terceiro bioma mais atingido, com quase 30 milhões de hectares de pastagens degradadas, seguido pela Caatinga com cerca de 20 milhões de hectares. Embora o Pampa e o Pantanal tenham uma menor área degradada, com 5 milhões e 2,5 milhões de hectares respectivamente, os pastos deteriorados representam 62% e 72% de cada ecossistema.

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Quanto custa recuperar uma área de pastagem degradada?

Quanto maior a deterioração do solo, maior o custo para recuperar a área de pastagem. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Quanto maior a deterioração do solo, maior o custo para recuperar a área de pastagem. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A FGV calcula que, para recuperar e reformar todas as áreas de pastagem degradadas, seriam necessários R$ 383,77 bilhões. A maior parte do investimento se refere à etapa de plantio, especialmente por conta do valor necessário para aplicação de fertilizantes.

O custo médio para a recuperação da área deteriorada varia entre R$ 979,42 e R$ 2.100,71 por hectare, a depender do estágio de degradação e do bioma onde o pasto está inserido. Já a manutenção da área recuperada requer entre R$ 207,54 e R$ 764,64 por hectare.

Enquanto a recuperação de pastagens na Mata Atlântica é a que requer menor investimento, custando R$ 979,42, em casos de degradação moderada, e R$ 1.563,31, na deterioração mais severa, no Pampa, o investimento chega a R$ 1.541,37 em locais menos degradados e R$ 2.100,71 nas áreas mais deterioradas.

Quais são os ganhos com a recuperação de áreas degradadas?

Embora o investimento na recuperação de pastagens seja alto, a atividade gera um retorno por conta do aumento de produtividade na agropecuária. A FGV estima que sejam necessários R$ 42,51 bilhões para recuperar os 30 milhões de hectares previstos no Plano ABC+, que visa mitigar as mudanças climáticas até 2030.

A instituição calcula que a receita potencial das áreas recuperadas seja de R$ 75,55 bilhões, gerando um lucro de R$ 33,04 bilhões. Para chegar nesse número, os pesquisadores consideraram o preço médio da arroba do boi gordo quando o estudo foi finalizado, em 2022, e o custo médio da tecnologia para recuperar a degradação.

Fonte: Ministério da Agricultura e Pecuária, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação Getulio Vargas (FGV), Estadão.

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