Boi: valorização do dólar pode abrir novos mercados para o Brasil

8 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura
Arroba do boi gordo fica abaixo dos US$ 50 e carne brasileira ganha competitividade frente a outros concorrentes no mercado global

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A suspensão das compras da carne brasileira pela China pode ter um efeito colateral positivo a longo prazo para a pecuária do Brasil. A valorização do dólar frente ao real associado à derrubada de preços domésticos do boi gordo tornou a proteína brasileira mais competitiva no mercado global e facilitou a abertura de novos destinos para as exportações.

De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a arroba do animal vivo chegou a ser cotado a R$ 317 no final de agosto, poucos dias antes da confirmação do caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB)  — conhecida como “mal da vaca louca” — em um frigorífico de Minas Gerais. Quase dois meses depois da suspensão das compras chinesas da carne oriunda do Brasil, no final de outubro, o valor chegou a R$ 254,1, uma desvalorização de 20% no período.

Se considerado o dólar, a queda dos preços do boi gordo foi ainda maior, de 27% entre 30 de agosto, quando a cotação era de US$ 61,17 por arroba e estava próximo da alta histórica, a 28 de outubro, quando foi registrado US$ 45,15 por arroba, o nível mais baixo dos últimos 14 meses.

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Abertura de novos mercados

Carne brasileira se tornou mais barata que produtos americanos, argentinos ou uruguaios. (Fonte: Natalia Lisovskaya/Shutterstock/Reprodução)
Carne brasileira se tornou mais barata que produtos americanos, argentinos ou uruguaios. (Fonte: Natalia Lisovskaya/Shutterstock/Reprodução)

A redução das compras chinesas forçou a indústria da proteína brasileira a procurar novos destinos para as exportações a fim de garantir a viabilidade econômica das operações. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), caso os embarques para a China, responsável por comprar quase metade da carne bovina brasileira, continuem suspensos até dezembro, o setor pode ter um prejuízo de até US$ 1,8 bilhão.

Por isso, os frigoríficos brasileiros buscam novas habilitações para ampliar as possibilidades de escoamento de produtos e reduzir a dependência chinesa. Em outubro, as exportações para os Estados Unidos cresceram 86%. O mercado espera que a Rússia e o Chile também possam comprar mais carne bovina brasileira.

Essa tarefa pode ser facilitada porque o preço da arroba do boi gordo brasileiro no patamar dos US$ 50 se torna mais atrativo frente aos principais produtores mundiais e da América do Sul. Segundo a Scot Consultoria, na segunda quinzena de novembro, a arroba do boi gordo superava US$ 70 nos Estados Unidos e na Irlanda, enquanto na Argentina e no Uruguai a cotação era superior a US$ 60.

Tendência de preço para o boi gordo

Cotação do boi gordo se recuperou e deve se manter firme até o final do ano. (Fonte: Erich Sacco/Shutterstock/Reprodução)
Cotação do boi gordo se recuperou e deve se manter firme até o final do ano. (Fonte: Erich Sacco/Shutterstock/Reprodução)

A tendência de queda da cotação do boi gordo foi revertida no início de novembro. Na primeira quinzena do mês, o preço da arroba voltou a ficar acima dos R$ 300, com uma valorização de 17% em comparação aos 30 dias anteriores. Os pesquisadores do Cepea apontam que a sustentação foi provocada pela retração de pecuaristas que seguraram as vendas por conta da desvalorização.

Os preços devem continuar estáveis até o final do ano devido ao dólar alto que favorece o aumento de exportações para outros países, ainda que os chineses mantenham a suspensão de importação. Além disso, a queda de forma por causa dos animais de confinamento a partir de novembro, e a estocagem das indústrias para se prepararem para o crescimento de consumo no final do ano devem segurar os preços.

Fonte: Estadão, Agência Infra, Info Money.

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