Especialista reflete sobre o crescimento demográfico no período e como se preparar para o futuro
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Neste ano, estou celebrando o cinquentenário de minha graduação como Engenheiro Agrônomo na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).
Tenho vivenciado ao longo desses 50 anos profundas e inimagináveis mudanças em todos os aspectos e sentidos: de comportamento, consumo, produção, comunicação, interação, hábitos, inovação e inúmeras outras considerações.
Ao revisitar minha trajetória, como profissional ligado à agricultura, um dos pontos que mais me impressionou foi o crescimento demográfico: de 1950 a 2020 a população mundial saltou de 2,5 para 7,8 bilhões de habitantes e isso, certamente, foi um dos principais vetores que direcionou as exigências, demandas, integrações e outras transformações que afetaram e vem afetando a vida em todo o planeta. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), nos próximos 30 anos a população mundial deverá ter um acréscimo de mais 2 bilhões de pessoas e, dessa forma, o fator demográfico continuará ditando e orientando os rumos e diretrizes face às necessidades de atendimentos, adaptações e suprimentos.
É nesse contexto que se insere um dos grandes desafios a serem enfrentados e resolvidos: a produção e oferta adequada de alimentos. Nesse tema, a relevância e presença do Brasil é ímpar, porque é o país que apresenta as condições adequadas para atender a parcela significativa das demandas, observadas as exigências ambientais.
Os pré-requisitos essenciais para a sua alçada a essa posição foram alcançados nos últimos 50 anos, período no qual o país deixou a condição de produtor/exportador do trinômio açúcar, café e cacau para se tornar um dos mais importantes players mundiais na produção e exportação de proteína vegetal e animal.
Essa afirmativa pode ser constatada pela situação atual ocupada pelo País:
Essa condição hegemônica no mercado internacional propicia um impacto interno importantíssimo no cenário econômico do país. O exemplo mais recente pôde ser constatado em 2020 no qual, conforme dados de fevereiro/2021 compilados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o agronegócio foi responsável por 48% do valor das exportações e somente 8,2% das importações, fato que resultou num saldo de US$87 bilhões e positivou a Balança Comercial do Brasil.
São muitos os aspectos relevantes que permitiram a cadeia agroindustrial brasileira atingir essa performance nesse período relativamente curto e, neles, cabe destacar alguns proporcionados pela agropecuária:
É importante salientar que outras atividades do setor também apresentaram performances formidáveis, a exemplo da cana-de-açúcar que se consolidou como notável geradora de combustível e eletricidade, contribuindo para redução da emissão de gases causadores de efeito estufa e oferecendo opção viável para a matriz energética brasileira. Na bovinocultura, o rebanho dobrou de tamanho nos últimos 20 anos e a idade de abate foi reduzida em 50%. Na avicultura de corte, a produção de frangos aumentou 221% em 10 anos.
A oferta de bons resultados e desempenhos foi observada também em inúmeras outras atividades e otimizaram, por exemplo, a produção de suínos, leite, café, frutas, ovos, madeira etc.
A disponibilidade de ativos naturais – solo e clima – aliados à tecnologia e sua disseminação pelos técnicos, pesquisadores, agroindústrias e outros certamente foram os pilares desses grandes avanços proporcionados pelo agronegócio, mas, nada disso seria alcançado não fosse o desprendimento, pioneirismo, persistência, tenacidade e protagonismo do produtor rural brasileiro.
A solidez dos resultados alcançados nesses 50 anos confere total condição de o Brasil continuar na vanguarda e liderança do suprimento das demandas alimentares e energéticas, vencer os desafios e atender às necessárias exigências da pauta socioambiental.
Por essas razões mantenho minha fé em poder vivenciar o futuro.
Pedro Paulo Ananias Pio, engenheiro agrônomo e membro do Cesb
Cesb é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que tem por objetivo alavancar a produtividade da soja no Brasil. O comitê é composto por 22 membros e 30 entidades patrocinadoras: Basf, Bayer, Syngenta, UPL, FMC, Jacto, Mosaic, Superbac, Corteva, Instituto Phytus, Eurochem, Compass Minerals, ATTO Adriana Sementes, Stoller, Timac Agro, Brasmax, Stara, Datafarm, Viter, Somar Serviços Agro, Ubyfol, Fortgreen, KWS, Yara, Sumitomo Chemical, Adama, Agrivalle, HO Genética, FT sementes, Biotrop, Koppert e IBRA.