AMAZÔNIA: SALVE, SE PUDER!

3 de junho de 2021 6 mins. de leitura
Aumento da produtividade nos principais cultivos de grãos consegue ajudar na proteção da floresta amazônica. Saiba mais.

Eng. Agr. Ricardo Arioli Silva, Membro do CESB, Produtor em Campo Novo do Parecis – MT e Presidente da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA

Todo o mundo quer salvar a Amazônia. É um sentimento da população mundial, esse de que devemos manter a floresta em pé, com sua biodiversidade, o carbono que ela acumula, os efeitos que provavelmente têm sobre o clima do planeta, a água potável que conserva, e muito mais. 

Poucos, no entanto, conseguem fazer alguma coisa para a manutenção da floresta intacta. Dentre esses poucos, estão os produtores de grãos do Brasil. Normalmente considerados como os vilões da vez, quando se insiste em divulgar a falsa ideia de que a produção crescente de grãos no Brasil é uma ameaça à Amazônia, o que acontece de fato, é o contrário. Os produtores brasileiros conseguem ajudar – e muito – na proteção da floresta. Isso acontece com o aumento da nossa produtividade nos principais cultivos de grãos.

Produzir mais com menos é uma das definições de sustentabilidade. A busca pelo aumento da produtividade é uma constante dentro das propriedades brasileiras. A maior produtividade, garante a sustentabilidade financeira do produtor. 

A proteção da Floresta é um efeito colateral, altamente positivo. É fácil de entender. Em 2009, a produtividade brasileira de Soja, nosso principal cultivo, foi de 43,8 sacas por hectare. Em 2019, 11 safras depois, chegamos em 55,6 sacas por hectare. Sem esse aumento de produtividade, teríamos que ter plantado 9,7 milhões de hectares com soja a mais do que plantamos, para alcançarmos a mesma produção de 2019. Teríamos que ter plantado quase 10 milhões de campos de futebol a mais do que plantamos. Então, economizamos 10 milhões de hectares de Floresta. Ou de Cerrado, o Bioma em evidência do momento.

Esses 10 milhões de hectares, equivalem ao que o estado de Mato Grosso planta com soja. A segunda safra de milho, que é plantada logo após a colheita da soja, economiza outro tanto de Floresta. Plantar milho após a soja é algo inédito no mundo. 

Os países produtores tradicionais precisam escolher entre plantar soja ou milho. Aqui no Brasil, não precisamos escolher. Podemos plantar soja e milho no mesmo ano-safra, um depois do outro. Um sistema poupa-terra, que economizou mais 12,8 milhões de hectares, na safra de 2019.

Voltando à nossa produtividade de soja, foi em 2009 que o Comitê Estratégico Soja Brasil, o CESB, lançou o Desafio Nacional de Máxima Produtividade. A ideia do Desafio é que os produtores invistam numa “’área experimental” dentro da sua propriedade, para colher mais. Muito mais. O máximo que puderem. Os resultados são auditados e abertos, para que todos os produtores brasileiros possam replicar as tecnologias usadas pelos Campeões, para bater recordes também.

Os Custos da alta produtividade são calculados e comparados com a Receita, para ver se o investimento compensa. E compensa muito! Para cada Real investido em produtividade, em média, 1,9 Reais são recuperados. Em 2019, foram 5.500 produtores inscritos no Desafio, um número que aumenta a cada ano. As informações coletadas desde 2009 são muito promissoras. Mostram que poderíamos economizar mais Floresta ainda, desenvolvendo o potencial de produtividade da soja, o que fica evidente nos resultados do Desafio.

Em 2019, a média dos 50 produtores mais bem colocados no Desafio, foi de 108,8 sacas por hectare, para uma média brasileira de 55,6 sacas/ha. Quase o dobro. O Campeão de 2019 colheu incríveis 123,8 sacas por hectare! Os dados que estão sendo coletados, gerados pelos produtores que participam do Desafio, são um grande desafio também para os pesquisadores e consultores brasileiros.

Normalmente, uma pesquisa tradicional avalia uma variável apenas, para tentar explicar um resultado. Os produtores participantes do Desafio, estão inundando os bancos de dados do CESB, com dados que explicam essas altas produtividades, e que podem ser avaliados, com todas as suas interações.

Um banco de informações riquíssimo. O Brasil se tornou líder na produção e na exportação mundial de soja. Os dados do Desafio vão nos ajudar muito a manter essa liderança. Nos Estados Unidos, até outro dia o líder na produção mundial de soja, eles também têm um Concurso de produtividade de soja. Só que lá, a receita para atingir os recordes, é um segredo de cada produtor americano que participa. Não compartilham os dados, como fazemos aqui. E volta e meia aparece por lá um produto milagroso, com resultados questionáveis, recomendado pelo Campeão.

Aqui, os dados são abertos e divulgados. Para que todos possam replicar as receitas dos Campeões em suas propriedades, e se desafiar! O Desafio Nacional de Máxima Produtividade do CESB poderia ser chamado de Desafio Nacional de Máxima Proteção Ambiental? Ou de Desafio Nacional de Máxima Sustentabilidade?

Com a liderança do Brasil no Agro mundial se consolidando a cada dia, e com as exigências cada vez maiores da proteção ambiental associada à produção agropecuária, com certeza que sim!

O CESB foi criado com o objetivo de oferecer um ambiente regional e nacional que estimule sojicultores e consultores técnicos a desafiar seus conhecimentos incentivando o desenvolvimento de práticas de cultivo inovadoras. O comitê é composto por 22 membros e 32 entidades patrocinadoras: Basf, Bayer, Syngenta, UPL, FMC, Jacto, Mosaic, Superbac, Corteva, Instituto Phytus, Eurochem, Compass Minerals, ATTO Adriana Sementes, Stoller, Timac Agro, Brasmax, Stara, Datafarm, Viter, Somar Serviços Agro, Ubyfol, Fortgreen, KWS, Yara, Sumitomo Chemical, Adama, Agrivalle, HO Genética, FT sementes, Biotrop, Koppert e IBRA.

Além do tradicional Desafio Nacional de Máxima Produtividade da Soja, que reúne produtores, consultores e pesquisadores em prol da implementação de novas técnicas e práticas de manejo da soja, o CESB realiza uma série de outras ações que visam o incremento da produtividade média da sojicultura nacional de maneira sustentável e rentável para seus participantes e sociedade. Uma destas iniciativas é o Máster em Tecnologia Agrícola (MTA Soja), primeiro curso de pós-graduação em soja. Organizado pelo CESB, em parceria com a Elevagro, o curso terá conteúdo abrangente, contemplando boas práticas e altas produtividades. A previsão é que as matrículas estejam abertas já no segundo semestre deste ano. Mais informações pelo telefone: (15) 3418.2021 ou pelo site www.cesbrasil.org.br

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