As oportunidades do Mato Grosso

11 de fevereiro de 2021 4 mins. de leitura
Em 50 anos, o estado que era uma terra inóspita se transformou no celeiro de grãos do Brasil e o primeiro lugar no ranking do Valor Bruto da Produção Agropecuária

Cesb

Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb)

Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb)

Por Luiz Nery Ribas*

Há quem fale da maravilha que é o Mato Grosso para a produção de carne, grãos, fibras e oleaginosas como soja, milho, algodão, feijão e agora até gergelim. Dá até para lembrar daquele ditado “é mole ou quer mais”?  A realidade é que há menos de cinquenta anos, em relação à agricultura, ninguém dava quase nada por esta terra, onde só se ouvia falar em onças, sucuri e malária, além da fama da justiça do 44.  Em outras palavras, havia uma sensação de “terra de ninguém”, onde muita coisa se resolvia “na bala”, calibre 44.

A transformação veio com os imigrantes de todas as partes do Brasil, principalmente pelos sulistas plantadores de soja, que deixavam suas terras para a aventura do desconhecido e cheio de dúvidas quanto ao clima, solo e variedades que pudessem ser plantadas aqui. O risco, a sorte, o empenho e a dedicação trouxeram pessoas com espírito pioneiro e empreendedor para fazer do Cerrado uma “indústria” de carne, fibras, grãos e óleo para o estado, para o Brasil e para o mundo.

A evolução da agropecuária nesse período se deu de uma forma espetacular, onde a ciência por meio da pesquisa apresentou as melhores formas de cultivos, aqui entram Embrapa e Fundação Mato Grosso. As indústrias de máquinas deram um salto nas inovações tecnológicas. A necessidade de diversificação de culturas e novas alternativas de renda para viabilizar a produção sustentável, tornaram realidade a segunda e terceira safra, agora devidamente incorporadas ao sistema de produção (soja/milho/algodão/arroz/ILPF/milheto).

Apontada como terra inóspita e inapropriada para o cultivo, o Cerrado brasileiro e mato-grossense estava fadado ao abandono e no máximo a uma pecuária extensiva, com boi “pé duro” e alongado no meio do mato.

Nesse contexto, transportar algodão em caroço, boi em pé, frango e suíno vivos, soja e milho em grãos se mostrou um desafio. A obrigatoriedade da verticalização bateu à porta. A indústria chega com as dificuldades do pioneirismo, reduzida disponibilidade de energia elétrica, péssimas condições das estradas e políticas públicas com pesados tributos num estado sem histórico de “fábrica”.

Integração Lavoura Pecuária Floresta é uma realidade no Mato Grosso (Foto: Divulgação Embrapa)

Resolvido isso, a busca da otimização da propriedade rural, onde a terra deve ser constantemente manejada, as máquinas não devem parar e a mão de obra precisa ser aproveitada durante o ano todo, esbarramos na questão da gestão, seja de pessoas, operacional ou financeira. A economia de escala e o mercado de commodities exigem que a demonstração do resultado final do exercício (lucro líquido) seja positiva, sendo isso o que mantem os produtores vivos os eficientes.

O emprego das tecnologias disponíveis, os profissionais preparados, a melhoria nas condições de crédito, os resultados de pesquisa, a tecnologia embarcada e a incorporação da agricultura digital dão a largada para um salto de resultados como o aumento na produtividade apoiado por uma sustentabilidade forte e segura. O conhecimento dos mercados interno e externo trazem a competitividade, a solidez da atividade e – como consequência – a participação de Mato Grosso como primeiro estado no ranking brasileiro do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VPB). A cadeia produtiva do milho é o exemplo prático que podemos dar. A área cresce a cada safra, agrega valor com o consumo local por aves, suínos, bovinos e pela indústria de etanol de milho e seus derivados. Este é um setor que a cada dia inaugura uma nova planta e solidifica a cultura que antes tinha o preço do frete maior que o produto. Bem-vindos ao Mato Grosso, sempre uma “terra de oportunidades”!! 

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*Luiz Nery Ribas é engenheiro agrônomo, consultor e membro do CESB** 

**CESB é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que tem por objetivo alavancar a produtividade da soja no Brasil. O comitê é composto por 22 membros e 30 entidades patrocinadoras: Basf, Bayer, Syngenta, UPL, FMC, Jacto, Mosaic, Superbac, Corteva, Instituto Phytus, Eurochem, Compass Minerals, ATTO Adriana Sementes, Stoller, Timac Agro, Brasmax, Stara, Datafarm, Viter, Somar Serviços Agro, Ubyfol, Fortgreen, KWS, Yara, Sumitomo Chemical, Adama, Agrivalle, HO Genética, FT sementes e IBRA.

Nota: Este texto não, necessariamente, reflete a opinião do Estadão.

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