Consultoria StoneX mantém previsão de crescimento do consumo de diesel e biodiesel para o ano no Brasil, apesar de números baixos no 1º trimestre
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O consumo de diesel B (com adição de biodiesel) no Brasil deve crescer em 2023. A estimativa é da consultoria StoneX, que, em seu relatório mais recente, de junho, manteve a estimativa de crescimento de 1,3% no consumo de diesel em relação a 2022.
Segundo a consultoria, os números menores do que o esperado no primeiro trimestre não devem afetar o crescimento, isso porque há a expectativa de uma safra recorde de grãos no País a partir do terceiro trimestre, com isso, a demanda pelo combustível deve crescer.
Ainda de acordo com o relatório da StoneX, a demanda brasileira por biodiesel também deve crescer em 2023. A projeção da consultoria é que haja um aumento de 15,5% em relação ao consumo do ano passado, assim, o País deve utilizar 7,3 bilhões de litros de biodiesel no ano.
Biodiesel é o combustível formulado a partir da mistura de gorduras de origem animal ou vegetal ou óleos com um álcool, como o metanol. O biodiesel é renovável, pois é feito de produtos como óleos vegetais, que podem ser replantados, e de subprodutos da indústria animal. Apesar de poder ser utilizado de forma pura em alguns motores, o biodiesel é mais utilizado na mistura com o diesel, que resulta no diesel B.
O diesel B é uma forma de reduzir os impactos negativos do uso de combustíveis derivados de petróleo. Desde 2005, o Brasil adota a mistura de biodiesel na formulação do diesel; na época, a porcentagem utilizada de biodiesel era de 2%, resultando no B2.
Atualmente, o diesel vendido no Brasil é composto de 12% de biodiesel, e esse valor deve subir nos próximos anos. Uma proposta aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) define que haja o incremento de 1% ao ano, atingindo 13% (B13) em 2024, 14% (B14) em 2025 e 15% (B15) em 2026.
Vale lembrar que o biodiesel é fundamental para praticamente todas as atividades agrícolas do País, uma vez que ele está presente em todo o diesel brasileiro. Não só as máquinas agrícolas dependem do combustível, como também os caminhões que realizam a maior parte do escoamento da produção agrícola nacional.
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Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a soja e o biodiesel representaram 27% do PIB do agronegócio em 2022, movimentando R$ 673,7 bilhões no período. A importância do biodiesel deve continuar, já que pelas exigências legais a produção do biocombustível deve chegar a 10 bilhões de litros nos próximos 3 anos.
Porém, a dependência da soja pode gerar um gargalo na produção do biodiesel. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de soja deve ser recorde no Brasil, alcançando 148,2 milhões de toneladas, um aumento significativo de 24% em relação à safra de 2022. Apesar dos bons resultados, a demanda internacional do produto está bastante aquecida, e a preferência pelo mercado internacional pode afetar a oferta interna.
Soma-se a isso o fato de que a Argentina, maior exportadora global de óleo e farelo de soja, tenha passado por eventos climáticos que afetaram grande parte das lavouras do produto. Esse espaço no mercado global pode ser assumido pelo Brasil, deixando o mercado do biodiesel na iminência de procurar outros fornecedores.
A cadeia da soja e do biodiesel são fundamentais para a economia brasileira. Segundo o Cepea, ela gerou 2,05 milhões de empregos em 2022, o que corresponde a 10,8% das vagas criadas no agronegócio do País. A receita de exportações da cadeia da soja foi de US$ 61,3 bilhões, representando 38% das exportações do agronegócio.
Apesar da China continuar sendo o maior país importador da commodity brasileira, (52,61% em 2022), outros mercados vêm se destacando como bons consumidores como União Europeia (14,51%); Sudeste Asiático (10,09%); Oriente Médio (7,49%); Leste Asiático (3,58%); África (1,76%) e América do Norte (0,75%). Outros países representam o consumo de 9,21% da soja brasileira e derivados.
Fonte: LBC, EPBR, Raizen, Biodiesel BR, CEPEA, Money Times