Agricultura é um dos setores que mais sofrem com as mudanças climáticas, mas é o que mais pode contribuir para a descarbonização da economia
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O Estadão Blue Studio reuniu, nesta quarta-feira (15), três especialistas com diferentes perspectivas de sustentabilidade para discutir o mercado de crédito de carbono brasileiro e a contribuição da agricultura para a neutralidade das emissões. O evento contou com o patrocínio da Bayer e do PRO Carbono.
A agenda econômica das grandes empresas está voltada para a neutralização das emissões de carbono. Muitas companhias definiram 2030 como o ano-chave para atingir o net zero, no entanto, os caminhos ainda estão sendo construídos, e a agricultura pode ter papel fundamental em iniciativas como o mercado de carbono.
A meta do Acordo de Paris de restringir o aquecimento global a 1,5°C até 2050, com relação aos níveis pré-industriais, representa um imenso desafio para toda a sociedade. “Já estamos a 1,1°C, próximo do ponto de virada, por isso temos de correr contra o tempo”, alertou a coordenadora do Instituto Ekos Brasil, Danielle Freire.
As mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global são incontestáveis. As chuvas fortes em São Paulo e a estiagem na Região Sul são apenas algumas amostras dos eventos extremos que estão ficando comuns. A descarbonização se tornou um tema relevante, principalmente na agricultura, que é mais sensível às alterações no clima.
A agricultura é um dos setores que mais contribuem para as emissões de carbono, por conta das mudanças no uso da terra. Entretanto, também é um dos segmentos que mais sequestram dióxido de carbono (CO2) quando adota práticas sustentáveis que geram não só ganho ambiental, mas também benefícios econômicos.
“Quanto mais eu for sustentável, mais carbono vou sequestrar e mais o solo vai estar preparado”, explicou o líder do negócio de Carbono da Bayer para América Latina, Fábio Passos. O agricultor, dessa maneira, pode ganhar com o mercado de carbono e ainda ser beneficiado com a melhoria da produtividade da lavoura.
A adoção do manejo sustentável promove a redução do uso de fertilizantes que contribuem para a emissão de gases de efeito estufa. As plantas de cobertura, por exemplo, têm efeito alopático e evitam o crescimento de plantas daninhas. “Quando termina a colheita de soja, o solo está limpo”, comentou a produtora da Fazenda Santa Helena, Maira Lelis.
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O mercado de carbono no Brasil é realizado de forma voluntária e ainda aguarda regulamentação. A agricultura brasileira fez progressos em larga escala para a adoção da sustentabilidade, por isso enfrenta o desafio de encontrar caminhos para intensificar as práticas sustentáveis e atender às exigências internacionais.
Outra grande demanda para o segmento no País é o desenvolvimento de técnicas para medir e comprovar o sequestro de carbono. “Diferentemente dos Estados Unidos, que têm um banco de solo de décadas, o Brasil não tem essa base de dados”, citou Passos. Para preencher essa lacuna, o PRO Carbono, da Bayer, realizou 300 mil análises de solo no último ano.
Por fim, o mercado de carbono precisa amadurecer no Brasil. Um número maior de empresas e organizações precisa se comprometer com as metas de redução de emissões de carbono e definir parâmetros de como alcançar os resultados. A pressão para isso parte tanto de consumidores quanto de acionistas e organismos governamentais.
Para impulsionar os projetos de redução de emissões de alta integridade, o Instituto Ekos Brasil busca identificar iniciativas com responsabilidade social por meio do Programa Compromisso com o Clima. A organização desenvolveu uma metodologia própria para garantir a segurança jurídica na negociação de carbono que considera os impactos socioambientais.
Na avaliação do crédito de carbono de alta integridade, questões relativas à equidade de gênero e inclusão da comunidade são relevantes. O Instituto Ekos adota essas preocupações desde 2017, sendo pioneiro no mundo. Essas questões só foram inseridas recentemente na Europa, que é o mercado de carbono mais desenvolvido do mundo.
Confira o que rolou no evento do dia 15 de março na íntegra:
Fonte: TV Estadão.