Produção nacional de trigo bateu recorde, mas o maior produtor do País apresentou recuo na produção
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A produção nacional de trigo bateu recorde, mas o Paraná, maior produtor do grão do País, apresentou recuo em relação à projeção do início da safra. Seguindo a queda da produtividade, o preço de pães e farinhas especiais teve pequeno recuo no Estado. Juntos, Paraná e Rio Grande do Sul concentram a maior parte da produção de trigo do Brasil, sendo responsáveis por quase 86% do total.
Segundo o Boletim de Conjuntura Agropecuária do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná produziu 3,38 milhões de toneladas de trigo na safra 2021/2022.
O volume representa queda de 15% na expectativa de produção, já que nessa safra a área semeada foi de 1,19 milhão de hectares de trigo. Ainda de acordo com o boletim, produtores paranaenses receberam, em média, R$ 93,73 por saca em dezembro, valor 6% superior ao de dezembro de 2021, que foi de R$ 88,71.
Já a produção nacional de trigo foi recorde, com 9,5 milhões de toneladas colhidas, em aumento de 23,7% em relação à safra anterior. Os dados são do 3º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A queda da produtividade paranaense foi um reflexo dos efeitos do La Niña durante os últimos anos, fenômeno que altera o regime de chuvas e ventos em várias partes do mundo. No Brasil, o La Niña aumentou as chuvas no Norte e no Nordeste e causou secas no Sul. A safra do trigo paranaense foi marcada pelo excesso de chuvas e geadas no início do ciclo e por forte estiagem no fim dele.
O sudoeste do Estado foi bastante afetado pelo excesso de chuvas. A Coagro Cooperativa Agroindustrial informou que esperava receber 800 mil sacas de trigo, mas o número final ficou um pouco acima de 500 mil. Além disso, parte da produção teve a qualidade bastante diminuída — o trigo de qualidade intermediária não pode ser usado para a fabricação de farinha e é destinado à produção de bolachas e biscoitos.
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Em 2022, produtos derivados do trigo viram os preços dispararem. As farinhas especiais acumularam alta de 28%, o que influenciou toda a cadeia produtiva — a inflação do pão fechou o ano em 15%. Um dos principais fatores para o aumento excessivo foi o conflito entre Rússia e Ucrânia, que afetou a oferta de produtos internacionalmente, além de alterar toda a cadeia logística do planeta. Os preços da produção nacional, então, foram ajustados para seguir o valor internacional em alta.
Segundo a Conab, o Brasil produz cerca de 9,5 milhões de toneladas de produtos derivados de trigo, porém consome 12,3 milhões de toneladas. A necessidade de importação e a preferência pela exportação acabam afetando o preço para o consumidor nacional. Na safra 2021/2022, o País exportou cerca de 3 milhões de toneladas do grão, volume que deve ser similar em 2022/2023. Ainda de acordo com a Conab, a demanda interna de trigo deve crescer 2%, alcançando 12,23 milhões de toneladas.
Com esses aumentos ao longo do ano passado, o fato de o preço do pão ter caído 1% no início de janeiro de 2023 no Paraná é uma boa notícia. Apesar de o consumidor não sentir essa pequena diferença, a freada dos aumentos é importante para estabilizar a cadeia produtiva. A queda nos valores está relacionada à produção nacional recorde.
O boletim de Conjuntura Agropecuária do Deral também teve más notícias para produtores paranaenses de soja e milho. Devido ao intenso calor no oeste do Estado em dezembro, houve significativa piora na qualidade das lavouras, e a colheita ainda está no início.
Fonte: Departamento de Economia Rural – DERAL PR, Conab, Agência Estadual de Notícias Paraná, Jornal de Beltrão, Conab