Hidrogênio verde pode garantir sustentabilidade no agronegócio - Summit Agro

Hidrogênio verde pode garantir sustentabilidade no agronegócio

23 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura

Descarbonização do agronegócio pode ser alcançada com uso de hidrogênio verde para produção de fertilizantes, mas ainda depende de investimentos

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O hidrogênio verde pode ser a solução de dois grandes problemas do agronegócio brasileiro. Além de garantir a descarbonização da cadeia produtiva da agropecuária, a molécula pode ser fonte abundante de matéria-prima para a produção de insumos agrícolas, reduzindo a dependência da importação desses produtos.

O Brasil importa cerca de 80% do adubo necessário para suas lavouras. Nos primeiros cinco meses de 2021, o País comprou mais de 13 milhões de toneladas do insumo, em recorde na série histórica mantida pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso deixa a agricultura nacional exposta à crise global de fertilizantes, o que pode colocar em risco a próxima safra.

Por outro lado, o País ampliou os compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26). Até 2050, o Brasil pretende zerar o lançamento de carbono na atmosfera, tendo o setor agropecuário como responsável por mais de 70% das emissões brasileiras, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

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O que é hidrogênio verde?

Hidrogênio verde pode ser a chave para a descarbonização da agropecuária. (Fonte: FrankHH/Shutterstock)
Hidrogênio verde pode ser a chave para a descarbonização da agropecuária. (Fonte: FrankHH/Shutterstock)

O hidrogênio é o elemento mais abundante do universo, mas não aparece puro na natureza e requer energia para ser separado. A técnica mais comum é extrair a substância da água, usando calor e reações químicas para liberar o hidrogênio de materiais orgânicos como combustíveis fósseis. O problema é que isso é extremamente poluente.

A produção mundial de hidrogênio é responsável por emissões de dióxido de carbono (CO2) equivalentes às do Reino Unido e da Indonésia juntos. A substância é utilizada principalmente na indústria de refino de petróleo e para produzir fertilizantes de amônia, ricos em nitrogênio.

No entanto, existe uma maneira mais limpa de obter hidrogênio: uma forte corrente elétrica que passa por um tanque de água dividindo a molécula em seus dois elementos constituintes em um processo chamado eletrólise. Se a eletricidade usada for gerada a partir de fontes renováveis, como solar ou eólica, a produção de hidrogênio não emite gases de efeito estufa.

Impactos no agronegócio

Biodigestores podem se tornar fontes de energia para produção de hidrogênio verde. (Fonte: Shutterstock/Marco Paulo Bahia Diniz)
Biodigestores podem se tornar fontes de energia para produção de hidrogênio verde. (Fonte: Shutterstock/Marco Paulo Bahia Diniz)

O agronegócio brasileiro pode se tornar um importante líder no mercado global de hidrogênio verde. O setor tem potencial para produzir a substância em larga escala a partir de processos envolvendo fontes renováveis aliados a sistemas de produção de biomassa e biogás, que podem ser implantados em pequenas propriedades rurais.

A substância pode ser utilizada como combustível limpo, tornando-se uma alternativa para o setor logístico reduzir as emissões de gases de efeito estufa geradas pelo transporte de produtos agrícolas. Além disso, o hidrogênio verde pode propiciar o sequestro de carbono ao transformar os resíduos da agropecuária para obter biofertilizantes.

De acordo com uma projeção da consultoria McKinsey & Company, o uso de hidrogênio verde pode evitar a emissão de 75 milhões de toneladas de CO2 em 2040 no Brasil. Mas, para que isso seja alcançado, o País precisa assumir compromissos mais claros em relação à tecnologia e realizar os investimentos necessários para sua implantação.

Fonte: Companhia Nacional Abastecimento (Conab).

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