Volatilidade do dólar do início ao fim da safra é uma das principais preocupações do setor, segundo Abag
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A instabilidade do dólar causada pelo avanço de novas variantes do coronavírus preocupa especialistas agrícolas. Eles destacam que a falta de previsibilidade da cotação da moeda norte-americana prejudica a previsão de contratos futuros, sendo esse um dos principais desafios para a safra 21/22.
Isso porque a variação do dólar impacta diretamente nos mercados interno e externo. Se por um lado beneficia as exportações; por outro, pode gerar impactos negativos no mercado interno, como a elevação no preço de alimentos básicos causada pela redução na oferta nacional.
Nos últimos meses, de acordo com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o dólar tem apresentado uma forte instabilidade, o que dificulta o planejamento e a definição do plano de venda dos produtores rurais.
“Vamos iniciar a temporada com o dólar a R$ 5. Precisamos saber o quanto será esse patamar na hora que for colher e comercializar os grãos. No ano passado, durante a pandemia, em época de plantio, esse câmbio estava em R$ 4,80, mas, quando chegamos na colheita, o patamar era de R$ 5,80. Ficou claro na época que haveria uma rentabilidade”, explicou o diretor-executivo da Abag, Eduardo Daher.
Um dos fatores que tem impulsionado essa instabilidade é a incerteza em relação ao aumento de casos das novas variantes da covid-19. Após expectativas positivas em relação à reabertura econômica dos países diante do avanço da vacinação, a resistência de algumas pessoas em se vacinarem e a alta taxa de contaminação da variante delta voltam a estremecer as cotações e o comportamento do mercado internacional.
Para ter mais eficiência no planejamento e na assertividade nos contratos futuros, é essencial que os produtores rurais acompanhem de perto as movimentações do dólar e as expectativas a curto, médio e longo prazos dos investidores e demais órgãos ligados ao agro.
No mês de julho, as exportações do agronegócio brasileiro registraram um faturamento de US$ 11,29 bilhões. Esse número representou alta de 15,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. A principal responsável pelo crescimento foi a valorização do preço das commodities agrícolas no mercado externo.
Em relatório, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) afirmou que o índice de preços dos produtos agropecuários brasileiros exportados aumentou 28,5% entre julho de 2020 e julho de 2021.
É importante ressaltar que nesse mesmo período o volume de exportações registrou uma queda de 9,9%. “Mesmo com queda do volume exportado, o forte incremento dos preços internacionais dos produtos exportados fez com que o valor atingisse um montante histórico”, de acordo com o MAPA.
Nesse cenário, conseguimos visualizar os benefícios que a alta do dólar podem trazer para o agronegócio. Para os produtores que exportam, as vendas no mercado internacional ajudam a equilibrar a rentabilidade e maximizar o lucro, compensando o aumento dos custos de produção que também são gerados por essa alta.
Quando o dólar se mantém em patamares altos, todos os custos de produção se elevam. Isso acontece porque diversos defensivos, fertilizantes e maquinários têm matérias-primas importadas, ou seja, quando o dólar aumenta, todos os recursos necessários para produzir alimentos também aumentam.
É nesse momento que os agricultores e pecuaristas precisam avaliar as oportunidades e planejar as vendas com cautela para manter a sustentabilidade econômica de suas atividades. Comercializar commodities no mercado internacional apresenta preços mais valorizados, por exemplo, ajuda a equilibrar a alta dos custos de produção e melhorar a margem de lucro dos produtos agropecuários.Em contrapartida, quando grande parte do volume produzido é destinado às exportações, o mercado interno começa a sentir o impacto negativo da redução da oferta com o aumento dos preços nos mercados.
Fonte: Sensix.