Alta do dólar tem impacto direto na exportação de café no Brasil

27 de março de 2020 4 mins. de leitura
Mudanças de valor da moeda norte-americana fazem com que o preço do café caia para o mercado exterior e se torne mais atraente para outros países

No início de 2020, a cotação do dólar ultrapassou a marca de R$ 4,50. O preço da moeda norte-americana atingiu números recordes no Brasil e impactou diretamente as relações comerciais internas e externas do País. A alta do dólar é responsável por elevar os preços das sacas de café encontradas pelos consumidores brasileiros no mercado interno. Com o aumento da moeda estrangeira em comparação ao real, é comum que o comércio nacional aumente os preços.

A análise feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), mostra que as sacas de café ficaram mais caras nas compras dentro do Brasil. Por exemplo, no estado de São Paulo, os preços do grão de robusta aumentaram em 3,4% em fevereiro, passando a custar R$ 309,80 por saca de 60 kg.

(Fonte: Pxhere)

Por outro lado, se a população brasileira sofre com o aumento do preço do café, no exterior ocorre uma valorização das exportações de produtos nacionais, como a soja, o milho e principalmente os grãos de café. Com o real em baixa, os preços das produções brasileiras diminuem no mercado estrangeiro e fazem parceiros econômicos se interessarem em comprar mais no território brasileiro.

Entretanto, o balanço financeiro do Brasil vem encontrando algumas dificuldades no começo de 2020. Segundo os dados divulgados em março pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, a produção de café brasileiro atingiu a marca de 2,810 milhões de sacas exportadas em fevereiro e uma receita cambial de US$ 380,7 milhões. Ambos os fatores tiveram uma queda de 9,13% e 6,37%, respectivamente, em comparação ao mesmo período de 2019.

Com o recente surto de coronavírus, a China, que foi o principal parceiro comercial do Brasil em 2019, manteve-se mais cautelosa no mercado de importações e exportações, o que pode explicar a recente queda nas transações brasileiras neste início de ano. A tendência, porém, é que a crescente do dólar sobre o real faça com que as cifras dos grãos brasileiros se tornem mais agradáveis para o mercado estrangeiro e os de receitas obtidas por meio das exportações recebam um aumento nos próximos meses.

Cifras recordes em 2019

(Fonte: Pxhere)

O mercado de exportações de café no Brasil obteve números expressivos em 2019. No intervalo de um ano, entre julho de 2018 e junho de 2019, 41,1 milhões de sacas de 60 kg de café foram exportadas ao mundo todo, o que representa uma quantia recorde para o país. Segundo os dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), a receita cambial chegou a marca de US$ 5,39 bilhões, com preço médio de US$ 131,14 por saca. O dólar comercial, em 2019, flutuou em torno dos R$ 4,08. Dessa forma, o governo brasileiro conseguiu arrecadar aproximadamente R$ 22 bilhões com as safras de café.  

Em comparação com a safra de 2017-2018, a venda internacional de café obteve 9,8% a mais de caixa do que a temporada anterior. Somente os grãos de café verde representaram 81,7% das exportações do segmento no período, com 33,58 milhões de sacas comercializadas. Os grãos de robusta também tiveram aumento considerável — 429,1% de aumento comparado à última safra. Foram 3,61 milhões de sacas vendidas do grão da família Canephora.

Apesar do desempenho abaixo do esperado no primeiro bimestre do ano, a expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que o Brasil volte a superar essa marca em 2020. Com 128 países importando commodities brasileiros, a Conab acredita que 62 milhões de sacas de café possam ser colhidas até o fim do ano. De acordo com essa projeção, o País poderia superar os números do ano anterior em R$ 3,5 bilhões.

Os dados da Conab revelam que a demanda por café cresce de 1,5% a 2% ao ano, e, na tentativa de acompanhar o mercado, o governo brasileiro pode faturar R$ 25,5 bilhões na comercialização dos grãos.

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Fonte:Rural Centro, Notícias Agrícolas, Governo do Brasil.

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