Safrinha 2021: clima pode afetar produção de milho - Summit Agro

Safrinha 2021: clima pode afetar produção de milho

31 de maio de 2021 5 mins. de leitura

Chuvas irregulares preocupam os produtores de grãos e podem prejudicar safrinha

Publicidade

Conheça o mais relevante evento sobre agronegócio do País

A continuidade da pandemia e as incertezas da retomada completa das atividades são alguns dos principais desafios da economia brasileira para este ano — embora o setor agropecuário tenha apresentado crescimento em 2020. Mesmo assim, os produtores de grãos ainda precisam lidar com outra ameaça ainda mais preocupante: o clima. Este está impondo grandes desafios, especialmente para a segunda safra de milho.

A segunda safra, ou safrinha, começou como apenas uma opção de renda extra entre as safras principais de grãos. Mas, já há alguns anos, se tornou o momento mais importante da produção nacional de milho (já que, na época principal, muitos produtores optam pela soja). 

Em vista disso, qualquer problema na colheita da primeira safra e no plantio da safrinha pode gerar grandes impactos econômicos para toda a cadeia produtiva. É o que estamos presenciando em 2020/2021. 

O clima da Região Centro-Sul do Brasil está sob influência do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento acima da média das águas do Oceano Pacífico. Na prática, isso causa um clima irregular, com estiagem em certos momentos e muita chuva em outros — ambas são ruins para a produção. 

Com isso, a colheita da soja da primeira safra foi atrasada em diversas regiões, gerando um efeito cascata que está afetando o plantio (e também a colheita) do milho safrinha. 

Leia também:

Como deve ficar o clima durante o outono?
Cotações da soja e do milho superam máximas históricas
Safra de milho terá mais de 108 milhões de toneladas, prevê Conab

Condições abaixo do ideal e futuro incerto

Por definição, a segunda safra sempre acontece em situações menos favoráveis do que as da principal — embora os agricultores já tenham prática para lidar com as condições. A questão é que o atraso na colheita e na semeadura está empurrando o milho safrinha “para um ambiente mais hostil”, como afirmou Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná.

Nesse estado, assim como em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, as chuvas estão bem abaixo do esperado desde março, sem melhoras significativas ao longo de abril. Isso após o excesso de chuvas em janeiro, que também afetou a produção. Mesmo que o clima melhore em maio, algumas áreas desses três estados já estão sofrendo perdas significativas na produção do milho, de acordo com informações da consultoria AgRural.

Estados como PR, SP e MS estão sendo especialmente afetados pelo clima na segunda safra (Fonte: Gilson Abreu/AEN)
Estados como PR, SP e MS estão sendo especialmente afetados pelo clima na segunda safra. (Fonte: Gilson Abreu/AEN)

Desse modo, as expectativas de safra recorde (108 milhões de toneladas, 5,4% a mais do que o ciclo 2019/20) estão sendo revistas para baixo. Fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters, incluindo a AgRural, já falam em 107 milhões de toneladas, mesmo com o aumento da área plantada em 1 milhão de hectares — a produtividade está em baixa. 

Outros problemas relacionados ao clima

O secretário de Agricultura do Paraná relata que cada hectare plantado no estado está rendendo, pelo menos, 20 sacas a menos do que na safra anterior. “A produtividade está surpreendendo para baixo, ainda que seja uma safra expressiva para o Brasil”, disse Ortigara, em comunicado divulgado pela Agência de Notícias do Paraná. 

Isso porque, além do clima em si, as chuvas irregulares também propiciam o surgimento de doenças. No Paraná, os produtores têm sofrido com o enfezamento causado pela cigarrinha. Já em outras regiões, a maior preocupação é a larva-alfinete, que atinge as raízes da planta e pode gerar perdas de 10% a 13% na produção, de acordo com estudos da indústria química Bayer. 

A falta de chuvas também propicia o surgimento de doenças no milho (Imagem: Jesse Gardner/Unsplash)
A falta de chuvas também propicia o surgimento de doenças no milho. (Imagem: Jesse Gardner/Unsplash)

A diminuição no rendimento e na oferta tem puxado os preços dos grãos para cima. Em abril, a cotação do milho bateu recordes, segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). No início de maio, já eram vistos preços acima dos R$ 100 para a saca de 60 quilos em alguns locais.

Em resumo, a situação para os próximos meses até o fim da safra é bastante incerta, em especial para o Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em outras regiões (como Goiás ou Mato Grosso), a situação é menos preocupante, mas ainda assim os recordes tendem a ser menores do que o esperado, no total. Uma sensação agridoce para o setor.

Não perca nem um fato que acontece no agronegócio. Inscreva-se em nossa newsletter.

Fonte: Agência de Notícias do Paraná, Agência Embrapa de Informação Tecnológica, Bayer Brasil, Reuters.

Webstories