Leite: preço cai 10% no primeiro trimestre de 2021 e preocupa setor
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O preço do leite pago ao produtor acumulou queda de 9,8% em termos reais no primeiro trimestre de 2021, de acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Apesar da redução, a cotação de março ainda está 28,3% maior se comparada ao mesmo mês de 2020, quando os efeitos da pandemia começaram a ser sentidos no Brasil. Enquanto isso, os custos de produção da pecuária leiteira continuaram a subir.
Em fevereiro, foram necessários 42,2 litros de leite, em média, para a aquisição de uma saca de 60 quilos de milho, em valor 2,4% maior se comparado ao mês anterior e 15,7% superior ao mesmo período do ano passado. A valorização contínua dos grãos reduz a margem do produtor e provoca a diminuição dos investimentos na atividade, segundo o Cepea.
Para tentar atenuar a crise no setor pecuário, o governo de São Paulo adotou uma nova política fiscal. A partir de abril, o leite e a carne tiveram redução na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A tributação da proteína animal caiu de 13,3% para 7%, e a alíquota para o leite, que era de 4,14%, foi zerada.
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Custos de produção do leite
O Cepea calcula que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira, que representa os desembolsos do produtor, aumentou 1,98% em fevereiro na “média Brasil”. O índice considera os gastos para a produção na Bahia, em Goiás, em Minas Gerais, no Paraná, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em São Paulo. A valorização desacelerou, no entanto, quando comparada a janeiro, quando o COE subiu 3,29%.
A alta do farelo da soja e do milho impulsionou a elevação dos gastos para o pecuarista. Considerando a “média Brasil”, os custos com o alimento concentrado subiram 6,23% no primeiro bimestre, segundo dados do Projeto Campo Futuro. No mesmo período, houve retração de 4,3% na receita para os produtores.
Além disso, os principais insumos que provocaram aumento de gastos na produção foram adubos e corretivos. Em fevereiro, os preços dos dois produtos subiram 6,02%, influenciados pela desvalorização do real frente ao dólar e pela elevação do valor do frete.
Perspectivas para os próximos meses
No primeiro trimestre do ano, o enfraquecimento da demanda por lácteos provocou recuo do preço do leite nas negociações de derivados junto às indústrias de laticínios. Para o Cepea, as principais razões para a queda no consumo foram a diminuição do poder de compra do brasileiro, o fim do recebimento do Auxílio Emergencial por muitas famílias, a elevação do desemprego e o agravamento dos casos de covid-19.
Nos próximos meses, os altos custos de produção podem dificultar o manejo de ração e provocar o aumento dos abates devido aos preços atrativos do mercado de carne bovina. Com isso, a oferta de leite deve continuar baixa, favorecendo a competição, o que pode pressionar os valores pagos aos produtores.
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Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
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