O método já é utilizado para a produção de milhões de doses da vacina da gripe
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Recentemente, o Instituto Butantã divulgou que está desenvolvendo uma nova vacina contra a covid-19, a Butanvac. A matéria-prima usada para a produção chamou a atenção de diversas pessoas, visto que são utilizados embriões de ovos para a replicação do vírus.
O uso de ovos para a fabricação de vacinas não é uma descoberta recente, já que milhões de doses de outros imunizantes para animais e humanos são produzidos anualmente a partir desse insumo – como a utilizada contra o vírus influenza no Brasil.
Mas o método não é tão simples como parece e a rotina de produção se diferencia das granjas tradicionais.
A fabricação de ovos para as vacinas segue diretrizes diferentes daquela para o consumo. O acesso às galinhas, por exemplo, é totalmente restrito para proteger o plantel de organismos patogênicos que possam prejudicar a produção. A Globoaves é uma das empresas fornecedoras da matéria-prima controlada para o Instituto Butantã e explica, em seu site, os cuidados no processo: “A produção dos ovos é feita em granjas próprias, construídas em locais protegidos, que contam com altíssimos níveis de controle sanitário. As granjas utilizam o que há de mais moderno na produção avícola: controles rigorosos, como os de ventilação, de condições climáticas, de iluminação, de ninhos automáticos, de transporte e de embalagem dos ovos em linhas automatizadas”.
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Apesar disso, as aves são da mesma linhagem dos ovos comerciais, alterando apenas a forma como são conduzidas. Depois que as galinhas botam os ovos, eles passam por um processo de incubação que pode durar até 11 dias, variando de acordo com o vírus para o qual a vacina será feita.
Após a incubação, chega a fase da ovoscopia, um procedimento para a retirada de embriões inférteis — cerca de 88% a 90% dos embriões são férteis. Ao final desse processo, finalmente os ovos seguem em veículo especial para produção do imunizante.
A cultura de embriões em ovos para a produção de vacinas é vista por especialistas como um método barato e eficaz. Antônio Pereira da Silva, gerente de Produção do Instituto Butantã, falou em entrevista ao programa Ligados e Integrados sobre as vantagens desse método: “Colocamos uma quantidade muito pequena de vírus dentro do ovo. Se eu colocar dez vírus, por exemplo, após 72 horas, dependendo da cepa, eles se transformam em milhares de vírus. Nosso produto agregado está ali”.
Quando os ovos saem da granja e chegam na fábrica do Butantã, eles passam por um novo controle de qualidade e seguem para a inoculação do vírus. Após a inoculação, o líquido alantóico é retirado, purificado, filtrado e fragmentado. Por fim, o material passa pela inativação do vírus e filtração final, antes de ser envasado e distribuído.
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Fontes: Avicultura Industrial, Estadão, Globoaves.