Leptospirose bovina: atenção redobrada no período chuvoso

16 de fevereiro de 2021 4 mins. de leitura
Saiba por que a doença é mais comum no verão, o que fazer para evitar sua ocorrência entre o rebanho e como tratar os animais infectados

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A leptospirose é uma doença conhecida. Quando acomete humanos, pode causar febre alta, mal-estar, dor muscular, olhos vermelhos, tosse, cansaço, náuseas, diarreia, manchas vermelhas no corpo e até evoluir para meningite — inflamação das membranas do sistema nervoso central. Por isso, a doença pode ser fatal e exige cuidado.

O que não é tão conhecido é o efeito dessa patologia nos rebanhos bovinos. Essa é uma das principais doenças que envolvem essa criação e pode causar problemas sérios, que vão desde abortos no fim da gestação até a morte de animais jovens e adultos — em geral, por decorrência de problemas renais.

Saiba mais sobre a doença e por que se deve tomar mais cuidado no verão. Além disso, entenda de que modo evitá-la e quais medidas tomar no caso de ela acometer os animais do seu negócio. 

Por que a leptospirose é mais comum no período de chuvas?

O chão úmido favorece a proliferação da leptospirose bovina. (Fonte: Shutterstock)
O chão úmido favorece a proliferação da leptospirose bovina. (Fonte: Shutterstock)

A doença é transmitida pelo mesmo vetor que causa o problema nos homens: a bactéria leptospira spp (que fica abrigada na urina de roedores). E, tal como acontece em centros urbanos, onde a chuva costuma aumentar a população desses microrganismos, também no campo a precipitação faz a doença se proliferar mais rapidamente.

Isso ocorre porque essa bactéria é pouco resistente a superfícies secas, portanto morre em poucos minutos, mas pode sobreviver semanas ou até meses em um ambiente úmido. Como no verão é comum chover várias vezes em uma mesma semana, a bactéria sobrevive com mais facilidade. 

Outro fator que preocupa é o fato de ela ser transmitida pela urina dos próprios bovinos infectados, o que potencializa o efeito. Assim, além dos ratos, também o rebanho pode proliferar bactéria ao urinar sobre o capim úmido da chuva, aumentando o problema em proporção geométrica. 

Quais são os efeitos da leptospirose nos rebanhos?

Um sinal de que a leptospirose está instalada no rebanho ocorre quando vacas sofrem abortos no fim da gestação. Esse é um sintoma clássico da doença, que preocupa de diversas formas: interrompendo o ciclo de reprodução do animal, que pode demorar para ter outra cria, e gerando prejuízo na produção do leite, bem como na possível venda do bezerro.

Outro problema comumente detectado em criações afetadas por essa enfermidade são as doenças renais. Quando isso ocorre, a urina dos animais fica avermelhada, próxima à cor do vinho. Deve-se prestar atenção a esse quadro porque, além do mal-estar que o animal sente, o comprometimento metabólico pode levá-lo a óbito.

O que fazer para prevenir e tratar a leptospirose bovina?

Caso vacas leiteiras estejam infectadas, o leite não precisa ser descartado, mas deve ser fervido antes de ser vendido. (Fonte: Shutterstock)
Caso vacas leiteiras estejam infectadas, o leite não precisa ser descartado, mas deve ser fervido antes de ser vendido. (Fonte: Shutterstock)

A doença é séria e exige atenção. Os impactos financeiros dela podem ser altos e comprometer um trabalho de longo prazo com a criação — algo especialmente preocupante no Brasil, que tem o maior rebanho bovino do mundo. Por isso, é importante saber como afastar a leptospirose do rebanho.

Caso nenhum dos sintomas clássicos tenha-se manifestado, pode-se prevenir o aparecimento da leptospirose bovina por meio de vacina. Recomenda-se aplicá-la nos animais um mês antes do início do ciclo de chuva mais frequente — isso pode, inclusive, constar no calendário de controle sanitário.

Agora, caso os sintomas já estejam presentes, é necessário tomar outras medidas. Uma delas é a vacinação em períodos menores, e não apenas no início das chuvas. A critério do profissional que acompanha os animais, pode-se aplicar até três vezes no ano.

Outros cuidados importantes são a limpeza periódica dos bebedouros e comedouros, bem como de botas e luvas usadas no tratamento da criação e no monitoramento do rebanho por meio de exames sorológicos.

No caso de vacas leiteiras, é importantíssimo que o protocolo inclua a fervura do leite antes do seu fornecimento. Isso evita que os animais infectados transmitam a doença para seres humanos, em quem a leptospirose costuma ser agressiva e, em grande quantidade dos casos, letal.

Fonte: Drauzio, Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS/SP).

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