Coronavírus impacta setores do agronegócio brasileiro

14 de abril de 2020 4 mins. de leitura
Agronegócio deve ter redução de 3,9% no PIB de 2020, com uma perda estimada de 510 mil empregos no setor

O novo coronavírus pode provocar um prejuízo de R$ 320 bilhões à economia brasileira, segundo estimativa da Confederação Nacional de Serviços (CNS). O agronegócio, que respondeu por mais de 20% do PIB nacional em 2019, também será impactado pela doença, com uma redução estimada de 3,9% do PIB do setor neste ano e a perda de 510 mil postos de trabalho.

A pandemia mexeu com os preços de produtos agrícolas exportados pelo Brasil, como café, soja e algodão. A disparada do dólar, que ultrapassou a barreira histórica dos R$ 5 no começo de março, chegou a compensar parte da queda dos valores das commodities no mercado mundial. No entanto, a valorização da moeda americana encareceu entre 10% e 15% os insumos importados.

Os setores mais impactados pelo coronavírus

(Fonte: Shutterstock)

O fechamento de restaurantes, bares e feiras livres reduziu drasticamente a demanda por hortaliças. Nas últimas duas semanas, de acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) sobre as áreas do agronegócio mais afetados pelo Covid-19, o setor de flores e plantas ornamentais perdeu quase R$ 300 milhões em faturamento.

Ainda segundo a CNA, a paralisação do food service impactou negativamente no mercado de camarões e paralisou as vendas de moluscos em Santa Catarina. As vendas do peixe tambaqui do Mato Grosso caíram pela metade e cargas programadas para a Semana Santa foram canceladas.

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), por sua vez, restringiu a venda de pescado apenas para as segundas, quartas e sextas, o que deve causar impacto na indústria deste produto.

Já o setor de frutas viu suas exportações minguarem com o cancelamento de voos, uma vez que os produtos são escoados nos porões dos aviões de passageiros para União Europeia, EUA, Emirados Árabes, entre outros.

Redução de produção do agronegócio

(Fonte: Shutterstock)

O preço do boi gordo chegou a cair durante a última semana, mas os produtores adotaram a estratégia de segurar o animal no pasto. Com isso, o preço por arroba nos frigoríficos voltou ao patamar de R$ 200.

A produção leiteira também vem sofrendo o impacto da pandemia do vírus. As pequenas indústrias no Nordeste anunciaram a redução na coleta do produto, enquanto as grandes indústrias e cooperativas preferiram remanejar a produção para UHT e leite em pó.

Já o preço da carcaça suína registrou leve queda de 2,7% na semana, gerada pelo abastecimento dos estoques de supermercados. Mas o valor ainda se mantém mais alto comparado ao período antes da crise.

Alta de preços

Alguns produtos, por outro lado, apresentam alta em resposta ao cenário atual. A soja, o milho e o café tiveram valorização na última semana, em decorrência da manutenção da alta do dólar em relação ao real, dos estoques baixos e da demanda aquecida. Se para os agricultores isso é positivo, para os pecuaristas acende um sinal de alerta: a ração-base é feita com 30% de farelo de soja e 70% de farelo de milho e, com a alta dos grãos, ficou 19% mais cara em março em relação ao mês anterior.

Outro produto que sofreu aumento da demanda foi o ovo, que teve uma alta acumulada em seus preços de mais de 15% em março.

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Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Confederação Nacional de Serviços (CNS) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

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