Crise provocada pelo coronavírus gera incerteza e preocupação no setor cafeeiro
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A proximidade do início da colheita do café na safra 2020 está em um cenário de incertezas. A comercialização do grão foi afetada, como todo o setor agropecuário, pela crise provocada pelo novo coronavírus, mas os preços de contratos futuros negociados em Nova York indicam tendência de alta de preços para maio e julho.
O temor dos efeitos da covid-19 sobre a demanda, em especial no consumo fora de casa, pressionou os preços do grão para baixo. O mercado também sofreu pressões de baixa em consequência da fartura do abastecimento durante o restante do ano, uma vez que a safra brasileira de 2020/2021 coincide com a alta do ciclo produtivo bienal de Arábicas do País.
No entanto, as previsões de redução da produção e de alta do consumo, além da valorização do dólar em relação ao real, podem ajudar o produtor a obter melhores preços com a venda do café durante o período da colheita.
A Organização Internacional de Café (OIC) prevê uma produção de 168,86 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2019/2020, com redução de 0,8% em relação ao ano cafeeiro anterior. O consumo mundial, segundo a organização, aumentará 0,7% em relação a 2018/2019 e alcançará 169,34 milhões de sacas. Com isso, haverá um déficit de 0,48 milhão de sacas no mercado mundial, o que pode favorecer o preço do grão.
Para estimar o nível de oferta e de demanda global, a OIC adota o conceito de comercialização da safra. Isso é necessário porque os países produtores de café têm calendários diferentes, exigindo encontrar parâmetros comuns para fazer um levantamento único dos dados no mundo todo.
A organização considera que a safra 2019/2020 foi iniciada em outubro de 2019 e se estenderá até setembro de 2020. No Brasil, a safra 2019/2020 foi iniciada em abril de 2019 e terminou em março de 2020.
Segundo relatório da OIC, na bolsa de futuros de Nova York a média de preços dos Arábicas caiu 8,9% em fevereiro de 2020, indo para 106,69 centavos de dólar por libra-peso. Na bolsa de futuros de Londres, a média de preços dos Robustas caiu 3,3%.
Durante março, os contratos futuros de Arábicas em Nova York para maio fecharam com alta no preço em dólar de 7,3%, em 119,55 centavos por libra-peso; para julho, subiram 6,2%, fechando em 120,35 centavos por libra-peso. Considerando os preços em real, devido à valorização da moeda norte-americana no período, a alta foi ainda mais expressiva. Os contratos a vencer em maio e julho subiram 25% em média.
Em Londres, os contratos futuros de Conilon apresentaram queda em março. Os contratos a vencer em maio tiveram retração de 7,5%, fechando em 128,30 centavos de dólar por quilo; em julho, de 6,1%, negociados a 130,20 centavos; em setembro, de 5,7%, com valor de fechamento de 132,10 centavos.
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Fonte: Embrapa e Organização Internacional do Café (OIC).