Pesquisa realizada pela USP mostra que duas bactérias conseguem biodegradar agrotóxicos
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O Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo; em 2019, o País importou 335 mil toneladas de químicos, de acordo com dados do Ministério da Economia. Muitos defensivos agrícolas usados nas lavouras brasileiras são banidos na União Europeia por conta dos riscos oferecidos à saúde humana e ao meio ambiente.
Tentando encontrar alternativas para a utilização desses produtos, pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da Universidade de São Paulo (USP) estudaram bactérias extraídas de folhas de laranja que são capazes de sobreviver à aplicação de bifentrina e fipronil. Os cientistas descobriram que os microrganismos produzem enzimas com o poder de biodegradar tais defensivos.
Os dois produtos são usados como inseticida e formicida em plantações de citros, tomate, batata, milho, arroz, soja e feijão e podem atacar o sistema nervoso das abelhas, levando-as à morte. Isso gera um problema não só por conta da falha na polinização de flores que produzem diversos tipos de alimentos mas também para a economia, já que o papel das abelhas é fundamental para a produtividade no campo.
Os cientistas realizaram uma bateria de testes no Laboratório de Química Orgânica e Biocatálise do IQSC com diversas espécies das bactérias Bacillus extraídas de folhas de laranja de uma plantação em Tabatinga (SP) e que foram colocadas em frascos com pequenas amostras dos agroquímicos.
Durante cinco dias, os microrganismos promoveram reações de biodegradação dos pesticidas, demonstrando potencial para eliminar os agrotóxicos lançados no meio ambiente. A bactéria Bacillus amyloliquefaciens conseguiu eliminar 93% do fipronil, enquanto a Bacillus pseudomycoides biodegradou 88% da bifentrina.
Quando em conjunto, as bactérias tiveram desempenho menor. Oito linhagens de espécies foram colocadas para reagir com os produtos químicos e conseguiram a eliminação de 81% do fipronil e de 51% da bifentrina. Os cientistas apontam que uma possível competição por nutrientes explica a menor ação.
O uso indiscriminado de agrotóxicos pode gerar contaminação no solo, nos rios e nas próprias hortaliças. Os seres humanos também podem ser intoxicados pela exposição aos agroquímicos ou por meio do consumo de alimentos contaminados. Entre 2007 e 2017, 29.472 casos de intoxicações acidentais por agrotóxicos foram registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), de acordo com levantamento feito pela Coordenação de Vigilância Ambiental do Ministério da Saúde. Apenas em 2016, foram registrados 416 óbitos por esse motivo.
O manejo adequado de defensivos agrícolas pode diminuir o impacto deles na saúde humana pelo contato direto com a substância ou indireto pela alimentação. Além disso, gera economia para os agricultores e produz alimentos mais saudáveis.
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Fonte: Universidade de São Paulo.