Semeadura direta do algodão aumenta estoque de carbono no solo

21 de abril de 2023 4 mins. de leitura
Pesquisa da Embrapa mostra que a semeadura direta do algodão em solos arenosos e argilosos gera benefícios ambientais e de produtividade

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Uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) demonstrou que produtores de algodão podem se beneficiar do uso do sistema de plantio direto (SPD). A semeadura direta aumenta o estoque de carbono no solo, ajudando o meio ambiente e a produtividade.

O que é a semeadura direta do algodão?

Esse modelo de semeadura é realizado com a manutenção da palhada no solo, em que não são utilizadas técnicas como o revolvimento do solo com arado e grades, como é feito tradicionalmente. A conservação da palhada ajuda a reter o carbono no solo, reduzindo a emissão do gás para a atmosfera. O alto revolvimento do solo aumenta a perda de carbono pela oxidação da matéria orgânica e pelo processo de erosão.

Em relação à produtividade, o SPD pode gerar incremento de 10 arrobas por hectare a 16 arrobas por hectare de fibra na produção. Os dados foram divulgados pela Embrapa, no relatório da 70ª reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

O pesquisador da Embrapa Algodão, Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira, realiza estudos nesses tipos de solo há mais de 10 anos e foi um dos responsáveis pelos achados.

Mato grosso é o maior produtor de algodão em pluma do Brasil. (Fonte: Pixabay/Reprodução)
Mato Grosso é o maior produtor de algodão em pluma do Brasil. (Fonte: Pixabay/Reprodução)

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Qual é a importância do carbono no solo?

O carbono é um dos nutrientes mais importantes para a agricultura. Apesar de não ser utilizado diretamente pelas plantas, ele garante a qualidade e a quantidade da “alimentação” delas. O carbono da atmosfera é capturado pelas plantas na fotossíntese e transformado em biomassa vegetal.

Essa matéria orgânica cheia de carbono fica no solo e alimenta os microrganismos e todos os tipos de pequenos animais, aumentado a biodiversidade e a biota locais. Esses seres servem como fonte de energia para os organismos presentes na região.

O aumento do teor de carbono no solo alimenta todo o processo, melhorando as qualidades físicas, químicas e biológicas das plantas e permitindo que elas acessem nutrientes, como minerais, com maior facilidade.

As plantas mais bem desenvolvidas também ajudam a estruturar melhor o solo, facilitando a infiltração e o armazenamento de água. Assim, um solo equilibrado facilita diversos processos de desenvolvimento das plantas, permitindo que elas explorem de maneira mais eficientes os recursos (nutrientes e água).

Sistema de Plantio Direto de milho em Minas Gerais, foram mantidas as plantas de cobertura. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Sistema de plantio direto de milho em Minas Gerais mantém as plantas de cobertura. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

O que tira o carbono do solo?

Algumas práticas comuns na agricultura podem facilitar a retirada do carbono do solo e realizar a emissão dele para a atmosfera. Entre os principais fatores estão os processos de queimada, monocultura, revolvimento do solo, retirada de palhadas e plantas de cobertura.

Atualmente, o SPD e o Sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) são vistos como as principais soluções para a agricultura do futuro. Com o crescimento exponencial da população, os sistemas produtivos precisam continuar se expandindo, mas, para que isso seja possível, o meio ambiente precisa ser protegido.

Esses sistemas garantem que o carbono lançado na atmosfera pelos processos de produção agropecuária sejam capturados de diferentes formas, bem como garantem que uma quantidade menor de carbono seja retirada do solo.

Por que investir em sistemas de plantio direto?

Além dos benefícios para o meio ambiente e as constantes descobertas sobre o aumento de produtividade, o incremento do estoque de carbono no solo permite que agricultores sejam beneficiados por créditos de carbono. Esse mecanismo cria um mercado de crédito baseado na não emissão de gases causadores do efeito estufa e pode ser comercializado entre países.

Produtores que garantem práticas sustentáveis podem ser beneficiados por diversos programas de incentivo estatais, privados, nacionais e internacionais. Cada vez mais, o mundo cria mecanismos para garantir a agricultura sustentável, e as práticas e os produtos provenientes de áreas poluentes podem ser barrados. Produtores atentos a uma agricultura mais verde terão cada vez mais espaço.

Fonte: Embrapa, BNDES, IPAM, Mais Soja

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