Fertilizante verde: Brasil avança na produção de insumo ecológico

10 de janeiro de 2023 4 mins. de leitura
Novas fábricas de fertilizantes verdes devem reduzir dependência brasileira de importação de forma sustentável

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O Brasil consumiu 7,9 milhões de toneladas de fertilizantes em 2021, e quase 100% dos insumos utilizados na agricultura foram importados. Depois do início da Guerra na Ucrânia, houve uma escalada de preços dos produtos e até uma ameaça de desabastecimento, provocando apreensão no agronegócio brasileiro.

A alternativa para reduzir a dependência do adubo inorgânico está nos produtos sustentáveis. Essa é a aposta de uma série de empresas que pretendem instalar novas fábricas de fertilizantes verdes em locais estratégicos para a produção agrícola do País. Além de garantir o abastecimento interno, os produtos garantem a redução da emissão de gases de efeito estufa.

A última planta de adubo ecológico foi anunciada em Uberaba (MG), pela Atlas Agro Brasil Fertilizantes, com um investimento de R$ 5 bilhões e início das obras previsto para 2024. Ainda em Minas Gerais, a Verde AgriTech inaugurou uma nova planta com capacidade para produzir 1,2 milhões de toneladas de fertilizantes verdes por ano.

O que é o fertilizante verde?

Homem de camisa jeans azul e boné vermelho carregando um saco de fertilizante no ombro, com por do sol e campo verde ao fundo
Fabricantes de fertilizantes se esforçam para descarbonizar a sua cadeia produtiva. (Fonte: Yara/Divulgação)

Os fertilizantes tradicionais, sobretudo os nitrogenados, são produzidos a partir de fontes de energia não renováveis, como o gás natural. Esse método produtivo aumenta a pegada de carbono do agronegócio e ainda causa uma dependência do Brasil pela importação dos insumos, uma vez que a capacidade nacional não é suficiente para atender a demanda interna.

Os fertilizantes verdes, por sua vez, são fabricados com emissão zero de gases de efeito estufa. O processo envolve a combinação de hidrogênio com o nitrogênio, ambas substâncias disponíveis na atmosfera, para a síntese da amônia, matéria-prima para adubos como ureia e nitrato de amônio, utilizados amplamente na produção agrícola.

Isso não significa, porém, que a produção do insumo ecológico é totalmente livre das emissões de carbono, uma vez que a mineração de fosfato e outras atividades podem usar subprodutos do petróleo. Os combustíveis fósseis ainda são necessários para tarefas de apoio para a distribuição e comercialização dos fertilizantes verdes, como o transporte.

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Descarbonização do agronegócio

Cultivo de milho com plantas ainda novas com folhas verdes
Mercado de carbono pode gerar renda extra para produtores rurais. (Fonte: Flambo/Pexels/Reprodução)

A descarbonização do agronegócio é uma tendência mundial irreversível. Com o aumento populacional do mundo, que deve se aproximar das 10 bilhões de pessoas em 2050, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), a necessidade de produção de alimentos aumentará, mas as emissões de carbono devem ser reduzidas.

Os fertilizantes verdes contribuem para alcançar as metas climáticas de redução de emissões e a geração de crédito de carbono por utilizarem menos combustíveis fósseis na sua fabricação. Com o insumo ecológico, a cadeia produtiva da agropecuária pode ser descarbonizada sem a necessidade de alteração das operações, processos e práticas agrícolas.

As emissões geradas direta e indiretamente pelos insumos nitrogenados correspondem a 18,4% das 577 milhões de toneladas de CO2 equivalente emitidas pela agricultura e pecuária brasileira em 2021. A substituição dos fertilizantes produzidos por fontes fósseis pelo produto ecológico é capaz de reduzir até 90% da pegada de carbono desse produtos.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião e à explicação de nossos parceiros especialistas em agronegócio.

Fonte: Diário do Comércio, Global Fert, Estadão, Yara, Instituto de Economia Agrícola (IEA)

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