Novo estudo analisou os efeitos do desmatamento na Amazônia para a população e constatou que mais de 12 milhões de pessoas podem ser afetadas
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Novo estudo que analisou os efeitos do desmatamento na Amazônia em conjunto com as consequências do aquecimento global chegou a resultados alarmantes. Para além dos efeitos na biodiversidade e da diminuição nas chuvas por toda a América, o estudo mostrou que o desmatamento pode causar problemas graves de saúde a mais de 12 milhões de brasileiros.
A pesquisa foi conduzida por pesquisadores brasileiros e publicada na revista do grupo Nature. Os dados levados em conta foram em relação ao impacto da ausência de árvores — e consequentemente a diminuição de chuvas — somado à tendência de aumento da temperatura como efeito do aquecimento global. O resultado é a temperatura a níveis acima do limite aceitável pelo corpo humano.
Se os níveis de desmatamento continuarem no mesmo ritmo, a temperatura na Região Amazônica poderá chegar a 41°C na sombra e a 46°C ao ar livre. A situação é ainda mais preocupante porque muitos trabalhadores da região executam suas atividades ao ar livre nos setores do agronegócio e na construção civil. O estudo mostra que 16% dos municípios brasileiros estariam sujeitos a essas mudanças climáticas, e que 40% da população afetada é da Região Norte.
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Os moradores da Região Norte já sofrem historicamente com os efeitos das queimadas e o sucateamento da infraestrutura de saúde dos municípios. Por isso, a situação é de lotação nos hospitais quando acontece a época das queimadas, que coincide com a estação mais seca do ano.
Um estudo da Fiocruz e do WWF-Brasil estima que, entre 2010 e 2020, mais de R$ 1 bilhão foram gastos em procedimentos de saúde referentes a quadros de infecções respiratórias causadas por queimadas. No ano passado, com a chegada da covid-19, a Região Norte viu seu sistema de saúde colapsar com a falta de oxigênio e vários outros insumos médicos.
Segundo a pesquisa, a única maneira de reverter o quadro é a interrupção imediata do desmatamento e das queimadas na área da Floresta Amazônica. Em setembro, durante a 76° Assembleia Geral da ONU, no Painel Científico para a Amazônia (SPA), foi divulgado um relatório com conclusões no mesmo sentido. O estudo, desenvolvido por mais de 200 cientistas, é a pesquisa mais abrangente já realizada sobre a região e revela que o desmatamento já pode ter chegado a um ponto de não retorno.
O ponto de não retorno ocorre quando a recuperação natural da floresta pode não dar conta de retornar a suas características pré-ação humana, o que leva a uma transição para um novo ecossistema.
Os movimentos de umidade do ar vindo do Oceano Atlântico e a evapotranspiração da Amazônia influenciam na circulação de massas de ar, afetando padrões de chuva nas Américas do Sul e do Norte. Com o corte de árvores, o ciclo de água é interrompido e aumenta tanto o dióxido de carbono quanto o aquecimento global. Se as estações secas continuarem se intensificando, as florestas úmidas tendem a desaparecer, não apenas pelo desmatamento, mas pelo próprio padrão das mudanças climáticas.
A tendência seria a área amazônica se tornar uma savana, como a região do cerrado, com menos árvores e solo mais pobre.
Fonte: The Nature Conservancy, Ecycle, Conexão Planeta.