Como identificar e controlar o cascudinho-da-soja?

19 de abril de 2023 4 mins. de leitura
Saiba mais do cascudinho-da-soja e do potencial de dano nas plantações

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Para muitos produtores rurais de Mato Grosso, a safra de soja 2022 foi marcada por uma péssima surpresa: a alta incidência do cascudinho-da-soja. A praga, quando não monitorada, gera grandes perdas no grão e nas plantas. A ameaça é potencializada pelo fato de o inseto ficar comumente abaixo da palhada, escapando da vigilância e dos defensivos.

O cascudinho-da-soja, cujo nome científico é Myochrous armatus, tem o corpo preto, com variações de marrom acinzentado dependendo do tipo de solo. Ele mede em média 5 milímetros e tem o corpo coberto por escamas curtas.

Segundo o arquivo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o cascudinho-da-soja pode causar danos a plantações tanto como larva como quando adulto. Quando larva, vive no solo e pode estragar as raízes das plantas; quando adulto, costuma cortar a base do caule de plantas jovens para a alimentação.

Cascudinho da Soja. (Fonte: Embrapa/Divulgação)
Cascudinho-da-soja. (Fonte: Embrapa/Divulgação)

Outra característica do inseto é que ele se finge de morto quando é incomodado. Apesar de ser mais comum na soja, ele também pode atacar plantações de milho, feijão, braquiárias, amendoim-bravo, entre outras.

Pelo hábito de comer plantios menores, os maiores problemas para as lavouras ocorrem alguns dias após a emergência das plantas. O ataque nessa fase gera o tombamento e a morte das plântulas, afetando a produção. Os ataques também podem ocorrer em plantas mais desenvolvidas; nessas situações, os insetos estragam os pecíolos e as hastes mais finas, que murcham e secam.

Durante o período de seca, o Myochrous armatus permanece no solo na fase de pupa. Isso dura aproximadamente sete meses, quando surgem condições para a emergência dos adultos.

O cascudinho-da-soja tem capacidade para voos pequenos e curtos, o que gera hábitos terrestres. Isso dificulta a descoberta da praga na plantação e a eficiência dos agrodefensivos, então produtores relatam a necessidade de fazer até cinco aplicações para o controle.

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Quais danos o cascudinho-da-soja causa?

Durante a safra de soja de 2022 em Mato Grosso, produtores afetados pelo cascudinho-da-soja relataram prejuízos de 30% no estande nas áreas infestadas. A produtividade pode cair de oito sacas a dez sacas por hectare, e o custo com o controle chega a R$ 400 por hectare.

Cascudinho da soja causou danos nas plantações de soja do MAto Grosso. (Repositório de imagens NZN)
Cascudinho-da-soja causou danos nas plantações de soja de Mato Grosso. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Como controlar o cascudinho-da-soja?

O Myochrous armatus morre facilmente, mas a dificuldade é o encontrar durante a pulverização dos defensivos. Uma das maneiras de facilitar esse trabalho é realizar o manejo de plantas tigueras e invasoras para diminuir o número de “esconderijos”. Além disso, pesquisadores estudam diferentes ângulos de pulverização e o melhor horário para a aplicação do produto, pois o inseto costuma atacar depois das horas mais quentes do dia.

O tratamento das sementes é importante porque evita o desenvolvimento das pragas na fase de larvas. Não existem estudos conclusivos sobre o controle biológico especificamente para o Myochrous armatus, porém fungos do gênero Beuaveria spp são eficientes contra insetos da ordem Coleoptera (besouros).

É importante não confundir o cascudinho-da-soja com o torrãozinho (Aracanthus mourei), que tem tamanho parecido com o do Myochrous armatus, entre 4 milímetros e 6 milímetros, mas tem corpo oval e coloração de cinza a marrom. A identificação correta da praga é importante para a adequação dos defensivos utilizados.

A técnica tradicional de batida de pano é uma ferramenta poderosa para identificar a praga. O pano-de-batida vertical com calha é um instrumento eficaz para descobrir e quantificar o número de insetos na plantação de soja. A indicação da Embrapa é realizar no mínimo duas batidas de 1 metro por local amostrado e estimar o potencial de dano por hectare. Com isso, é possível planejar as melhores técnicas de manejo de pragas.

Fonte: Embrapa, Revista Rural, Mais Soja

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