Confira uma lista com os alimentos que tiveram mais amostras consideradas inadequadas para a ingestão e os problemas do excesso para produtor e consumidor
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O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo. O uso incorreto e em excesso desses produtos pode ser prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Além disso, um levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou que muitos alimentos têm número alto de resíduos de pesticidas, o que os torna impróprios para o consumo.
Existe uma contradição em relação ao produto: se por um lado os agrotóxicos são considerados importantes para o agronegócio, garantindo menos prejuízos para as colheitas, por outro lado podem diminuir as exportações do setor. Isso pode acontecer devido ao seu uso indiscriminado, responsável por fazer com que muitos países europeus coloquem restrições aos alimentos brasileiros.
O problema pode se acirrar, visto que em 2019 o Brasil teve um número recorde de liberação de agrotóxicos, muitos dos quais não têm registros ou foram banidos na União Europeia e nos Estados Unidos.
Pesquisas do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) associam o uso de agrotóxicos ao desenvolvimento de câncer e à diminuição da fertilidade. Outras pesquisas associam os produtos a problemas nos rins e no fígado.
O meio ambiente também sofre efeitos nocivos, principalmente quando esses produtos são utilizados de forma errada. Um exemplo comum é a pulverização por aviões, que é proibida em algumas regiões porque pode contaminar solo, rios, nascentes e a população ao redor.
Para o produtor rural, os riscos são de contaminação direta do tipo aguda, porque não é raro o uso incorreto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pelas pessoas que manuseiam os pesticidas. Esse contato direto é nocivo e causa inúmeros danos à saúde, como intoxicação crônica.
Um dos grandes problemas é a falta de informação acerca dos agrotóxicos, com produtores usando quantidades muito acima do recomendado, aplicando os produtos de forma incorreta e misturando substâncias perigosas. Além disso, muitos usam produtos que são proibidos no Brasil ou que foram adulterados. É fundamental para a saúde humana e qualidade da plantação verificar a procedência dos produtos e seguir todas as recomendações de uso.
Segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), desde 2009 o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. Outro levantamento da Fiocruz apontou que cada pessoa ingere cerca de sete litros desse tipo de produto por ano.
A Anvisa é responsável por monitorar no Brasil os níveis de agrotóxicos através do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para). Um dos relatórios do programa indicou que 28% dos alimentos analisados tinham níveis acima do permitido ou continham resíduos de agrotóxicos não permitidos, como azaconazol e tebufempirade.
A lista a seguir mostra o ranking dos alimentos com resíduos de agrotóxico acima do recomendado. A porcentagem indica a quantidade de amostras (lotes) fora do permitido.
Pimentão: 89%
Morango: 59%
Alface: 43%
Pepino: 42%
Abacaxi: 41%
Cenoura: 33%
Laranja: 28%
Uva: 27%
Mamão: 20%
Tomate: 12%
Maçã: 8%
Arroz: 1%
Entre os alimentos analisados, o único que não apresentou nenhum lote contaminado foi a batata.
Com o aumento indiscriminado do uso de agrotóxicos, os agricultores brasileiros podem passar por problemas com a exportação dos produtos, podendo sofrer restrições, o que diminui a competitividade dos alimentos nacionais. Isso já aconteceu com o suco de laranja, em 2012, devido ao uso de agrotóxico proibido nos Estados Unidos, e com a pimenta-do-reino, que sofreu restrição da União Europeia em 2017 devido ao excesso de resíduos.
O que se pode constatar é que, além de ser prejudicial à saúde e ao meio ambiente, o exagero nos agrotóxicos pode comprometer o mercado. O ideal é os produtores aplicarem a substância com cuidado, fazendo uso de todos os equipamentos de segurança e respeitando as quantidades de aplicação. Além disso, é preciso ficar atento às regras de comercialização e garantir a capacitação de todos que manejam os produtos na plantação.
Essas seriam algumas medidas para diminuir os resíduos de agrotóxicos nos alimentos, garantindo a saúde de quem manuseia e de quem consome, bem como diminuindo os impactos ambientais e no mercado.
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Fontes: Embrapa, Anvisa, Jornal da USP
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