Aumentar o período de semeadura da soja no Brasil é uma forma potencial de ampliar o risco de doenças e a necessidade de agroquímicos
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No dia 1º de setembro de 2021, foi publicada a portaria 389 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Secretaria de Defesa Agropecuária, a primeira que determinava a ampliação do calendário da semeadura de soja no Brasil. A decisão foi logo criticada por entidades do agronegócio, órgãos de defesa vegetal e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A justificativa para a crítica foi de que a mudança aumentaria os riscos do fungo causador da ferrugem na planta, além de diminuir a resistência dele aos fungicidas existentes.
Nove dias depois, em 10 de setembro, o órgão responsável editou uma nova portaria, a 394, que manteve o prazo anterior de semeadura até fevereiro, apesar de conceder liberdade para alguns estados estenderem o período mediante justificativa.
No evento online Cenário de riscos da antecipação do calendário da soja, realizado pela Embrapa, no início de fevereiro deste ano, a pesquisadora Claudia Godoy identificou a ligação entre a extensão do tempo para que a oleaginosa seja semeada no Brasil e a perda das moléculas que controlam doenças como a ferrugem. Isso também levaria a uma demanda maior de agroquímicos no plantio.
De acordo com a especialista, o maior risco é o surgimento de variantes dos primeiros casos de ferrugem que apareceram no País, que causam a perda de moléculas pela planta. Para controlar isso, seria necessária uma aplicação cada vez maior e mais frequente de defensivos agrícolas.
Outros pesquisadores participantes do evento levantaram problemas como ataques de fungos e insetos que também estão ligados a uma janela maior da oleaginosa. As consequências na perda de moléculas pelo grão seria direta, visto a importância econômica que ela tem em grande parte das áreas agrícolas no País e problemas ligados à ferrugem já registrados anteriormente.
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Testar e desenvolver novos inseticidas e fungicidas é um processo longo e custoso, segundo Kelly Simões, residente do Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC-BR). Esse processo coloca a produção em risco.
A demora e os custos são os principais agravantes nesse caso específico, pois seriam cerca de 12 anos investidos em uma pesquisa que custaria até 290 milhões de euros para se estabelecer um novo produto e ações ideais para sua aplicação.
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Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ministério da Agricultura.