O agronegócio deve enfrentar um inverno com chuvas abaixo da média histórica e temperaturas superiores à normalidade para o período na maioria das áreas produtoras de alimentos e em todas as Regiões do Brasil, de acordo com previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A principal razão disso é a chegada do El Niño.
A anomalia do clima deve afetar tanto os cultivos de inverno, quanto a primeira metade da safra 2023/2024. A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) confirmou a elevação da temperatura na superfície no Pacífico Equatorial Central no início de junho, e prevê a influência no clima até o início do próximo ano.
O fenômeno climático se formou antes do esperado e pode se tornar mais intenso. As chances de um “super El Niño” são de 25%, segundo estimativas da agência americana. Essa intensidade foi registrada pela última vez entre 2015 e 2016, quando os produtores rurais registraram quebras de safra em diversos cultivos.
Efeitos do inverno no agronegócio brasileiro
As culturas de inverno, como trigo e aveia, que dependem de uma quantidade adequada de água no solo, serão as mais afetadas pela estação menos chuvosa e mais quente do que o normal. O desenvolvimento da terceira safra de milho, que começou a ser plantada em abril e será colhida até agosto, pode ser impactada pela falta de umidade.
Apesar da estiagem na maioria das regiões produtoras, algumas áreas do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul podem receber mais umidade no início da estação. Esse aumento de umidade pode atrasar o corte e a moagem da cana-de-açúcar, mas não deve prejudicar a produção recorde de 588 milhões de toneladas do Centro-Sul do País.
Com temperaturas mais altas, o risco de geadas com forte intensidade é menor durante esse inverno, favorecendo culturas como café, frutas e hortaliças. A formação de gelo durante o orvalho deve ficar restrita a pontos com maior altitude.
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Como cuidar da plantação no inverno?
Ainda que o inverno seja mais quente que a média, com menos dias gelados, as temperaturas baixas podem ser mais intensas. Dessa forma, os produtores rurais não podem deixar de preparar lavouras para os impactos do frio.
Veja os principais cuidados para a estação.
Cobertura do solo
A cobertura do solo atua como uma camada isolante, ajudando a moderar as variações térmicas. Ela contribui para manter a temperatura mais estável, evitando que o solo esfrie rapidamente durante a noite e aqueça excessivamente durante o dia.
Proteção contra geadas
Se a previsão do tempo indicar a possibilidade de geadas, as plantas devem ser cobertas com tecidos leves, como mantas de jardim, para evitar o congelamento. As estruturas temporárias, como estufas ou túneis de cultivo, também podem ser usadas para proteger as plantas do frio intenso.
Barreira contra os ventos
A criação de barreiras físicas, como cercas ou telas de proteção, ajudam a reduzir a exposição das plantas aos ventos frios. A implantação de quebra-ventos contribui para manter a umidade e a temperatura no solo, além de reduzir o ataque de pragas e proporcionar o amadurecimento precoce dos cultivos.
Poda de plantas
O inverno é o período mais comum para realizar a poda das plantas, em especial aquelas que entram em dormência durante a estação. Além da eliminação de partes danificadas, mortas ou doentes, o processo ajuda a reduzir a desidratação dos vegetais e diminui a chance de desenvolvimento de fungos.
Fonte: MetSul, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Broadcast, Agro, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)