Os impactos do coronavírus na pecuária

22 de abril de 2020 4 mins. de leitura
Alta de preço de insumos e a paralisação do setor de food service preocupam pecuária brasileira

A crise generalizada provocada pelo coronavírus vem afetando toda a cadeia do agronegócio. Na pecuária, a alta do preço de insumos, como soja e milho, e os reflexos do fechamento de restaurantes, bares e hotéis preocupam os produtores.

Os pecuaristas estão tendo de lidar com a queda de preços de produtos e o aumento dos custos de produção. A continuação dessas tendências poderá causar margens negativas e perda de competitividade do setor.

Somente neste ano, o milho acumulou valorização de 18,3% no mercado interno brasileiro. A alta do dólar e a corrida por exportações fizeram com que a soja subisse 11% apenas no mês de março, e o mercado interno acompanhou a evolução dos preços.

O governo federal isentou de Pis/Pasep a suplementação animal, a fim de manter o abastecimento de alimentos e apoiar o produtor durante a crise provocada pela pandemia.

Boi gordo

(Fonte: Shutterstock)

O preço da arroba sofreu desvalorização de 3,5% somente na primeira semana de abril, de acordo com informações da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). Com a diminuição das vendas no atacado e no varejo (principalmente das carnes nobres)  e as medidas para contenção do novo coronavírus, há pelo menos 11 plantas frigoríficas paradas.

No entanto, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a demanda para exportação segue dando sustentação às compras de animais a preços maiores. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 125,9 mil toneladas de carne bovina in natura em março, um volume recorde para o mês.

Lácteos

A captação de leite de grandes indústrias está mantida na produção de leite UHT e leite em pó, mas houve redução de outros processados, como os queijos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) permitiu a comercialização de leite de pequenos laticínios com inspeção municipal e estadual para indústrias com inspeção federal, criando uma alternativa para pequenos produtores escoarem a produção.

Aves

(Fonte: Shutterstock)

A exportação brasileira de carne de frango se mostrou estável em março quando comparada a números de fevereiro, segundo a Secex. No mercado interno, os produtos congelados continuam com demanda alta, e uma pequena recuperação é sentida no mercado de resfriados.

No entanto, isso não foi necessário para conter a queda de preços provocada pela redução das compras por parte de restaurantes, hotéis e demais serviços de alimentação, segundo o Cepea.

A desvalorização do frango vivo acumulou baixa de cerca de 10% nos dois primeiros dias de abril em São Paulo, conforme dados da JOX Consultoria.

Suínos

(Fonte: Shutterstock)

De acordo com o Cepea, a demanda final pela carne suína continua fraca. O mercado atacadista tem influenciado na redução do ritmo de produção dos frigoríficos e na demanda de novos lotes.

O preço pago pelos animais vivos caiu em todas as praças, variando de -5,2% em Mato Grosso a -15,4% em Minas Gerais, em relação à última semana de março.

Os produtores independentes buscam novas formas de organização coletiva para comercializar a produção, a fim de compensar a diminuição nas compras de animais.

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Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (CEPEA) e Estadão.

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