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Nova praga no feijão-caupi resulta em perda total da lavoura

Uma nova praga tem causado preocupação nas plantações de feijão-caupi (feijão-de-corda). Ainda sem um nome específico, o inseto tem comprometido significativamente as plantações, resultando em perdas que variam de 70% a 100% da produção.

Em 2022, o Brasil produziu 629 mil toneladas de feijão-caupi, com destaque para Bahia, Ceará, Tocantins, Piauí e Mato Grosso, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Foram 46 mil toneladas da espécie, que faturaram US$ 30 milhões e representam 34% do total exportado de feijão do Brasil.

O que se sabe da nova praga do feijão?

O inseto ainda não foi identificado por técnicos do governo estadual do Piauí e da Embrapa. (Fonte: governo do Piauí/Reprodução)

O surto surgiu em assentamentos no sudeste do Piauí, localizados nos municípios de Pio IX e Ipiranga, uma região cultivada por cerca de mil agricultores familiares. Os primeiros casos se manifestaram no ano passado, mas com baixo impacto. Esse ano, o inseto se dispersou por uma área maior, causando prejuízos mais significativos.

Técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí (Adapi) coletaram amostras das vagens afetadas, dos grãos e dos insetos, mas ainda não chegaram a uma identificação da espécie. Isso é fundamental para desenvolver uma estratégia de prevenção e controle da praga.

Qual é a origem da praga do feijão-caupi?

Os especialistas trabalham com duas hipóteses sobre a origem da praga. Inicialmente, foi considerada a possibilidade de ser um inseto já presente na região, que, por condições climáticas ou ambientais favoráveis, multiplicou-se e passou a atacar uma cultura que normalmente não é alvo do inseto. O verão chuvoso acima da média pode ter contribuído para o aumento populacional da praga.

Nas condições de umidade e baixas temperaturas, insetos como as moscas encontram um ambiente favorável para se multiplicarem. É possível que a praga já existisse na região, porém, devido ao curto período chuvoso no passado, as gerações eram limitadas. Com o prolongamento das chuvas, mais gerações surgiram, resultando em um aumento da população do inseto.

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Como a mosca prejudica a lavoura de feijão?

O pequeno inseto compromete o desenvolvimento dos grãos de feijão. (Fonte: governo do Piauí/Reprodução)

A mosca responsável por essa praga é de cor preta e menor do que as “domésticas” comumente encontradas. Apesar de sua aparência discreta, seu potencial destrutivo é significativo, já que ataca os grãos ainda na vagem. Essa característica contribui para o elevado prejuízo nas lavouras e coloca em risco a subsistência dos agricultores locais.

Ao colocar ovos nas vagens, as larvas de insetos, pupas e moscas podem levar à interrupção do desenvolvimento dos grãos de feijão. A perda da produção de feijão-caupi representa não apenas um prejuízo financeiro, mas também uma ameaça à segurança alimentar e à economia local.

Como combater as pragas no feijão?

A produção de feijão tem um ciclo curto, com uma média de 90 dias, o que a deixa mais vulnerável a pragas. Por isso, o manejo preventivo é a melhor forma de combater os insetos na lavoura, usando técnicas como rotação de culturas, defensivos agrícolas e manejo integrado de pragas.

Uma vez que são percebidos danos na plantação, uma amostra dos insetos deve ser recolhida em diversos pontos de forma periódica para identificação da praga, bem como o motivo de sua incidência. A partir disso, é possível decidir sobre a estratégia de combate, que vai desde garantir a sobrevivência dos inimigos naturais da praga à aplicação de produtos para eliminar o inseto.

Fontes: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Governo do Piauí

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