Milho safrinha: expectativas para a temporada do grão

7 de julho de 2023 4 mins. de leitura
A safrinha de milho deve render mais de 96 milhões de toneladas, o que representa mais de 75% do volume total do grão na temporada

O Brasil é o único país capaz de produzir três safras de milho por ano. A segunda temporada do grão, conhecida como safrinha, responde por mais de 75% do volume total. Em 2023, devem ser colhidas mais de 96 milhões de toneladas, um recorde segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A segunda safra de milho geralmente é cultivada após a soja, devido à rotação de cultura e o plantio direto, técnicas que garantem a saúde do solo. Este ano, devido às interferências climáticas, houve um atraso no desenvolvimento da soja e, por consequência, da semeadura do milho. Apesar do plantio fora da janela ideal, as perspectivas são boas para o cereal.

A colheita foi iniciada nos mais de 17 milhões de hectares semeados no País. Em Mato Grosso, que responde por mais da metade da produção nacional, o volume menor de chuvas durante o desenvolvimento das plantações não prejudicou a produtividade, e o Estado deve colher mais de 47 milhões de toneladas do grão, uma alta superior a 15% frente ao ano anterior.

Queda no preço do milho no mercado interno

O início da colheita deve pressionar o preço do milho para baixo. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
O início da colheita deve pressionar o preço do milho para baixo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Desde o início do plantio do milho safrinha, o preço do cereal vem experimentando uma queda vertiginosa de 36%. A saca de 60 quilogramas do grão saiu de R$ 84,88 em março para menos de R$ 54 em junho, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).

Na expectativa de uma baixa no valor do milho devido à intensificação da colheita, os compradores têm segurado as negociações, adquirindo apenas o volume que é estritamente necessário. O baixo volume de vendas preocupa os produtores, que buscam flexibilizar os prazos de pagamento como alternativa para reduzir seus estoques.

safra recorde e a negociação lenta acende o alerta quanto ao déficit da capacidade de armazenamento de grãos. Os produtores de milho devem perder R$ 11,5 bilhões em 2023, segundo estimativa da consultoria COGO Inteligência em Agronegócio. O prejuízo é causado pelos prêmios negativos com relação ao mercado internacional, que deve perdurar até agosto.

Leia também:

Conjuntura internacional

A estiagem nos EUA reduziu as expectativas do volume produzido do cereal. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A estiagem nos EUA reduziu as expectativas do volume produzido do cereal. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A produção global de milho na safra 2022/2023 deve cair 6% em comparação à temporada anterior, segundo último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Por outro lado, a demanda mundial deve crescer 0,8%, provocando um desequilíbrio no mercado internacional.

Os principais países produtores e exportadores devem diminuir tanto o volume produzido quanto o exportado, exceto o Brasil, a Rússia e a África do Sul. Os Estados Unidos, que lideram a produção e os embarques do cereal, devem exportar 47 milhões de toneladas, um volume 25% menor que o ano passado.

Essa conjuntura tem refletido no preço do milho mundialmente. Na primeira quinzena de junho, o valor dos contratos futuros para julho/23 negociados na bolsa de Chicago avançou 2,28%, saindo de US$ 6,09/bushel no início do mês para US$ 6,2325/bushel duas semanas depois. Nos contratos futuros para setembro/23, a valorização foi ainda maior, chegando a 6%.

Brasil na liderança das exportações

A queda na produção nos embarques de milho dos Estados Unidos, combinada com a safrinha recorde nacional, deve impulsionar o Brasil para a liderança global das exportações do cereal. Segundo estimativas da Conab, o País deve exportar 48 milhões de toneladas durante a temporada 2022/2023.

As exportações entre janeiro e abril deste ano somaram mais de 10 milhões de toneladas, um volume 144% maior que o mesmo período de 2022. Em termos de valores, os embarques dos quatro primeiros meses de 2023 renderam US$ 3 bilhões, um aumento de 170% comparado ao valor do ano anterior.

Fonte: Syngenta, Agromensal/Itaú BBA, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Cepea/Esalq/USP, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

Este conteúdo foi útil para você?

245290cookie-checkMilho safrinha: expectativas para a temporada do grão