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O milho é a principal matéria-prima para a nutrição do gado leiteiro, representante de quase dois terços do volume da ração. No entanto, a constante alta do grão no mercado internacional tem feito os produtores procurarem opções para segurar a elevação dos custos de produção, e plantar trigo tem sido uma alternativa para os pecuaristas da Região Sul.
Nos últimos dois anos, o milho praticamente dobrou de preço, com a saca de 60 quilos saindo de R$ 47,76, em junho de 2020, para R$ 87,09, em maio deste ano, de acordo com o Indicador do Milho Esalq/BM&F Bovespa e com o cenário de guerra na Ucrânia, a expectativa é que a cotação continue subindo.
As margens da cadeia leiteira caíram bastante entre janeiro de 2020 e março de 2022. Segundo ICPLeite/Embrapa, o custo de produção do leite subiu 64%, enquanto o preço pago pelo consumidor por produtos lácteos avançou 31%. O valor pago ao produtor caiu 9,3% nos primeiros quatro meses de 2022, em relação ao mesmo período do ano anterior.
O trigo pode substituir o milho na nutrição do gado leiteiro?
O trigo não pode substituir integralmente o milho na nutrição do gado leiteiro, mas é uma alternativa viável para complementar a alimentação dos animais. A utilização, ainda que parcial, pode contribuir para a redução nos custos de produção de leite, uma vez que a nutrição representa metade dos gastos do produtor.
O farelo de trigo oferece uma quantidade de proteínas similar a outros grãos, como o milho, para as vacas em lactação. O nível energético fornecido também é equivalente, contudo, a energia se encontra em formato de fibra digestível, e não na forma de amido, o que pode prejudicar o desempenho dos animais, a depender da concentração na ração.
Um estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) apontou que não houve mudança na produção de leite quando o trigo substituiu em até 45% o volume do milho utilizado na ração das vacas. Acima desse percentual, o volume produzido sofreu redução.
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Incentivo à produção de cereais de inverno
O governo de Santa Catarina destinou R$ 10 milhões para incentivar os produtores a utilizar o trigo na ração das vacas em lactação. A ideia é aproveitar as áreas não utilizadas, devido à entressafra de grãos, como soja e milho, para plantar cereais de inverno e reduzir a dependência regional da importação de insumos para a ração animal.
No ano passado, o agronegócio consumiu 7 milhões de toneladas de grãos, sendo que 75% desse volume foi importado de outros Estados e países; em 2022, o déficit deve ser ampliado. O consumo de milho para ração deve crescer 3%, enquanto as lavouras no Estado sofreram com uma estiagem prolongada.
A meta do programa é investir R$ 6 milhões no cultivo de trigo, triticale ou centeio destinados à ração, cada produtor receberá um subsídio de R$ 300 por hectare efetivamente plantado, limitado a 10 hectares. Outros R$ 4 milhões deverão ser aplicados para incentivar a produção de silagem com cereais de inverno.
Fonte: Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), Nidera Sementes, Milkpoint, Governo de Santa Catarina