Preço do leite pago aos produtores deve cair em 2022

23 de fevereiro de 2022 4 mins. de leitura
Aumento no custo de produção e adversidades climáticas fazem que o preço do leite pago aos produtores caia neste ano

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A última análise mensal da produção de leite da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revela que os preços pagos aos produtores de leite apresentaram tendência de queda no último trimestre de 2021. 

De acordo com o relatório, na média das dez principais regiões produtoras do Brasil, os preços pagos em dezembro foram cerca de 7,2% menores em relação ao mesmo período do ano anterior, com baixas mais relevantes nos estados da Região Sul brasileira.

Já o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) mostra que o preço do leite fechou a R$ 2,1210/litro em dezembro, na “Média Brasil” líquida, com queda de 3,7% frente a novembro de 2021 e de 9,4% em relação ao mesmo período de 2020.

O que leva à diminuição de lucros dos produtores de leite?

O lucro dos produtores de leite tem relação direta com o preço de insumos, combustíveis e energia, que estão em uma constante de altas, bem como dependem das condições climáticas, que também não estão favoráveis.

Segundo dados do Cepea-Esalq/USP, os custos acumulados em 2021 com adubos e corretivos ultrapassavam um aumento de 70% até novembro, e as cotações dos suplementos minerais acumulavam uma alta de até 28%.

As adversidades climáticas também não têm ajudado, uma vez que modificam diretamente a qualidade e a disponibilidade das pastagens: “o clima, ainda muito impactado pelo La Niña, especialmente na Região Sul, vem afetando as principais culturas de grãos, com falta de chuvas e altas temperaturas. Como consequência, algumas áreas de milho estão sendo convertidas à realização de silagem. Dessa forma, os efeitos das condições climáticas enfrentadas, inclusive em lavouras de milho semeadas para silagem, deverão aumentar a pressão nos custos de produção, impactando diretamente as cadeias de leite e carne”, explicou a analista Clarissa Albuquerque, da Conab.

Sendo assim, o preço do leite no campo alcança altos patamares, o que, porém, não é refletido na lucratividade dos produtores. A indústria encontra dificuldades para repassar os altos custos de produção para os consumidores, que estão perdendo cada vez mais o poder de compra. 

A relação de troca de leite com outros produtos

A relação de troca entre produtos também tende a cair no Brasil, pois os preços da soja e do milho seguem uma grande tendência de alta, enquanto os valores pagos aos produtores de leite estão em baixa. 

Em dezembro, no Paraná, a relação leite-milho estava 15,7% inferior ao mesmo período de 2020. Já em São Paulo, a relação de troca leite-milho foi 11,7% inferior a novembro e cerca de 17,3% menor do que em dezembro de 2020. Na prática, com a venda de 1 litro de leite, é possível comprar 1,38 quilo de milho.

Mas nem tudo está em baixa: em comparação com o farelo de soja, houve melhora de 28,5% em comparação com dezembro de 2020; entretanto, uma queda de 5,9% em relação a novembro de 2021. No Paraná, com a venda de 1 litro de leite, é possível comprar 1,46 quilo de milho e 0,88 quilo de farelo de soja. 

A exportação de leite como uma opção para a lucratividade

Em 2021, o cenário internacional do setor lácteo foi marcado pela elevação dos volumes exportados e pela redução das importações. Dessa forma, segundo dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint), os embarques nacionais de produtos lácteos totalizaram 38,8 mil toneladas — um avanço de 19% em relação a 2020, enquanto a importação total foi de 137,7 mil toneladas, revelando uma baixa de 21% de 2020 para 2021. Esses dados são resultados do alto patamar do dólar e da crescente perda do poder de compra do consumidor brasileiro. 

Fonte: Conab, Cepea.

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