Até o final de 2021, a produção brasileira de frango deve superar o volume produzido pela China, retomando a 2ª posição global no setor
Publicidade
Conheça o mais relevante evento sobre agronegócio do País
O Dia do Avicultor, comemorado em 28 de agosto, vem acompanhado de boas notícias para o setor. Até o final do ano, o Brasil pode retomar a vice-liderança global da produção de carne de frango, avalia César Castro, consultor agro do Itaú BBA.
Em 2020, o Brasil, com uma produção de 13,9 milhões de toneladas, perdeu a colocação para a China, que alcançou um volume de 14,6 milhões de toneladas de frango, por conta do aumento de produção para compensar a redução de carne suína, atingida pela Peste Suína Africana. Os Estados Unidos ficaram isolados na primeira colocação do setor, com 20 milhões de toneladas de frango produzidas.
A produção chinesa tende a se retrair por conta da retomada da produção de suínos. Com o elevado preço dos grãos, para os chineses é mais vantajoso comprar a carne de frango produzida em outros locais, como o Brasil, afirma Castro.
Nos últimos anos, é observado um deslocamento da produção de aves para o Centro-Oeste, por conta dos grãos mais baratos. Apesar disso, o Sul continua sendo a principal região avícola, beneficiada por uma boa infraestrutura de escoamento e proximidade dos portos, além de volume considerável de produção de milho e soja.
O Paraná é o estado que mais produz carne de frango no Brasil e merece destaque também pela sua produção por meio de cooperativas. “Assim como as grandes empresas privadas, as cooperativas atuam na cadeia completa, desde a produção de grãos até a industrialização da carne, garantindo uma maior resiliência para o setor”, ressaltou o consultor.
O preço da carne de frango apresentou uma valorização, o que deve aliviar a recente alta do milho e da soja, principal matéria-prima para a ração das aves. De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor do frango congelado subiu 56,5% no estado de São Paulo, entre agosto de 2021 e o ano passado.
O principal desafio conjuntural da avicultura brasileira será continuar repassando os custos de produção ao consumidor, comenta Castro. Problemas com as safras de grãos no Brasil e nos Estados Unidos deixaram os balanços de soja e milho apertados. O consultor avalia que “a situação só deve ser equilibrada em 2022, se o clima colaborar”.
Leia também:
Inflação da carne: proteínas animais podem ficar mais caras?
Saiba como o crescimento da avicultura na China afeta o Brasil
Brasil, o grande provedor de alimentos do mundo
A avicultura brasileira tem driblado os altos custos de produção, especialmente com o milho e a soja, devido a um aumento de exportações. “O Brasil deu um grande exemplo quando a pandemia eclodiu, pois conseguiu sustentar a cadeia de produção; enquanto outros países, como Estados Unidos, tiveram paralisação das atividades”, afirmou Castro.
A produção brasileira está bem posicionada globalmente pela disponibilidade de grão e pelo alto padrão sanitário, sendo favorecida por estar fora das rotas migratórias de aves selvagens que transmitem a gripe aviária.
Diferente do que acontece com as exportações da carne bovina e de porco, que estão concentradas em mais de 60% na China, a carne de frango in natura é exportada para 150 países e tem como principal destino os países árabes, com 40% das exportações para essa região.
“O cenário é bom para avicultura até o final do ano”, avaliou Castro. Alguns mercados estão comprando mais, e as exportações brasileiras tiveram crescimento de quase 8% nos primeiros sete meses de 2021, com relação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, o último trimestre é sempre marcado por um aumento das atividades das indústrias por conta das festividades de final de ano. O preço da carne bovina deve subir em decorrência da entressafra do boi, o que deve impulsionar a elevação também do valor do frango.
Fonte: Agrostat.