Cultivo de pêssego: novo modelo promete ser diferencial

6 de janeiro de 2020 5 mins. de leitura
A nova técnica, chamada de paredão frutal, aparece como uma forma de otimizar a produção por meio da diminuição de incidência de sol na planta

O pêssego é uma fruta comum em alguns mercados do Brasil, tanto que é possível encontrá-lo em conservas, geleias e, também, in natura. Porém, lidar com o pessegueiro pode ser uma tarefa um pouco complicada, já que ele precisa de condições climáticas específicas para se desenvolver adequadamente e, por consequência, produzir frutos de boa qualidade.

É pensando nisso que o Instituto Agronômico (IAC) — que faz parte da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo — vem realizando várias pesquisas para melhorar o processo de produção dos pêssegos e usando vários mecanismos para ajudar os produtores a driblarem as dificuldades.

Um desses mecanismos é o paredão frutal, que tem apresentado ótimos resultados. Para entender melhor como o método ajuda no processo, é preciso explicar antes algumas peculiaridades de como o pêssego se desenvolve.

Condições geográficas adequadas

Para o pleno desenvolvimento do pessegueiro, o meio geográfico é de suma importância. E o clima é um dos elementos essenciais de todo o processo, pois a planta necessita de temperaturas específicas para completar seu ciclo adequadamente.

Incidência do Sol no cultivo de pêssego
(Fonte: Pixabay)

Esses ciclos possuem duas fases: a de dormência, na qual a planta precisa enfrentar o frio do inverno para o desenvolvimento das estruturas geradoras de galhos, folhas, flores e frutos; e a vegetativa, momento em que as estruturas precisam de mais calor para dar continuidade ao processo até gerar os frutos. Por isso, o clima adequado para essas condições é o temperado, que possui grande amplitude térmica nos meses mais frios (-3°C e 18°C) e temperatura regular nos meses mais quentes (média acima de 10°C).

Dessa forma, na fase de dormência, as regiões de clima temperado conseguem atingir números inferiores a 7°C, temperatura ideal para que a fase seja bem-sucedida. Na vegetativa, a alta da temperatura durante o dia e o esfriamento à noite formará a condição perfeita para que a planta se desenvolva e gere bons frutos.

Mas o clima por si só não basta. Por isso, é necessário que o produtor fique atento a mais alguns aspectos geográficos, como a altitude, a latitude e a precipitação. Como o pêssego precisa de menor temperatura para crescer, as regiões mais altas são as mais indicadas. Por isso, apostar em locais com grandes altitudes é uma ótima escolha, principalmente se a região em que se encontra a propriedade rural não for de clima temperado.

Assim como a altitude, a latitude é muito importante para garantir temperaturas adequadas ao plantio. Vale lembrar que a latitude é a distância de um determinado lugar em relação à Linha do Equador. Portanto, como a Linha do Equador recebe maior incidência de raios solares, quanto maior for a latitude, menor será a incidência do Sol e, por consequência, menor a temperatura. Assim, para as regiões do Hemisfério Sul acima de 25° de latitude, o inverno conseguirá oferecer as condições ideais para que a planta faça seu trabalho.  

Durante a fase vegetativa, a planta necessita de muita água, por isso é importante que a região tenha um bom índice de precipitação (chuvas). Dependendo da situação, a quantidade de água oriunda das chuvas não será suficiente, sendo necessária a complementação hídrica por meio de irrigação.

Tipos de plantio: paredão frutal e sistema em Y

Assim como utilizado no cultivo de outras frutas, o sistema convencional em Y é um dos principais métodos usados para produzir o pêssego. A técnica consiste em colocar a planta em uma estrutura com o formato de Y, fazendo com que o as frutas nasçam viradas para as ruas (nome dado ao caminho por onde os trabalhadores e o maquinário passam para realizar a coleta).

(Fonte: Shutterstock)

A principal diferença entre esse sistema e o paredão frutal está no fato de os ramos ficarem virados para dentro da própria estrutura, o que ajuda no controle da incidência de radiação solar. O baixo contato com o sol também ajuda a aumentar a vida útil da planta, fazendo com que ela dure aproximadamente cinco anos a mais que o normal, que são 10 anos.

De acordo com a pesquisa feita pelo o IAC, houve um aumento de 10% no peso do produto, principalmente pelo fato de se apresentar em tamanho maior do que os cultivados em outros métodos. Com isso, a fruta ganha mais polpa e pode gerar mais lucratividade para os produtores. Soma-se a isso o fato de que, com a técnica, há uma melhora tanto no sabor quanto na coloração do fruto — qualidades indispensáveis para quem precisa agregar valor ao produto.

Outro ponto importante é que o paredão frutal permite que o uso de produtos químicos nas plantas seja feito de forma mais eficiente e precisa, diminuindo a quantidade utilizada.

Por tantos benefícios, a técnica do paredão frutal se apresenta como um modelo promissor para um cultivo mais preciso e mais lucrativo, sendo mais uma ferramenta para que a produção seja otimizada e possa gerar mais alimento à população.

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Fonte: IAC.

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