Redução do uso de agrotóxico pode ser uma notícia boa para o meio ambiente, a saúde e os negócios
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Seja como suco ou in natura, a laranja é uma das frutas mais consumidas pelas famílias brasileiras. A cultura da laranja ultrapassa a marca de 10 milhões de toneladas da fruta por ano. Os demais citros, como limão e mexerica, fazem desse ramo um dos mais importantes na agricultura.
Além disso, a fruta é um dos itens mais relevantes na exportação e, consequentemente, para a balança comercial do Brasil. O Estado de São Paulo é hoje o principal produtor de laranja no País e tem nos Estados Unidos o principal comprador.
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Mas a exigência dos consumidores dentro e fora do Brasil tem qualificado a demanda sobre esse fruto e, portanto, exigido mudanças na sua produção: por estar entre os itens com maior carga de agrotóxicos, existe uma tendência de que o mercado reclame métodos mais naturais para a cultura da laranja.
É fácil entender porque a laranja tem sido um dos principais alvos da pressão dos consumidores para uma produção mais orgânica. No relatório Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), publicado pela Anvisa em dezembro de 2019, a laranja foi o alimento com maior índice de agrotóxicos.
De 382 análises feitas por membros da agência em diversos estados, quase metade delas apontou o uso de agrotóxicos. Em 173 casos, o uso estava dentro da quantidade permitida por lei. Em 52 casos, os níveis de agrotóxico ultrapassaram o permitido, mesmo o Brasil tendo uma legislação permissiva em relação aos defensivos químicos.
Dentre os agrotóxicos encontrados, o mais comum foi o imidacloprido. Além disso, houve ocorrência até dos proibidos por lei, como o carbofurano, que causa intoxicação aguda — os efeitos são sentidos até 24 horas após o consumo.
O cultivo com agrotóxicos é uma saída recorrente no caso de grandes produtores, que possuem uma grande quantidade de terra cultivada. No caso da laranja, isso facilita o manejo dos frutos até a colheita e evita que pragas tomem conta do pomar.
Segundo o IEA/SP, cerca de 30% das laranjeiras são cultivadas por apenas 0,3% dos produtores considerados “grandes”, o que ajuda a compreender o caráter intensivo desse nicho agrícola.
É aí que entra uma vantagem competitiva para os pequenos proprietários: com uma produção com menos alqueires e a possibilidade de um manejo mais cuidadoso, há a possibilidade de produzir sob outros métodos. Para esses produtores, o cultivo orgânico concilia uma produção com menos custo, preservação da saúde e aumento da renda, uma vez que esse cultivo possui valor de venda superior aos frutos de culturas com uso de químicos.
A médio e longo prazos, isso também se mostra um benefício porque o fato de não utilizar agrotóxicos tende a não comprometer o solo, principal fonte de renda de quem tem na agricultura familiar seu meio de subsistência.
Isso pode ser potencializado no caso de os produtores familiares que optarem pelo cultivo orgânico apostarem no trabalho coletivo. Como esse cultivo também depende de informação e há potencial de mercado para esse nicho de produtos, cooperativas e outras formas de organização podem fazer dessa opção um selo de qualidade que agregue saúde, renda e preservação do meio ambiente.
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Fonte: A Pública/Anvisa, Cursos CPT, A Publica, IEA/SP, Dinheiro Rural e Grupo A Hora.