Como a emissão de CO² impacta a cultura do café? - Summit Agro

Como a emissão de CO² impacta a cultura do café?

29 de junho de 2021 4 mins. de leitura

Estudo da Embrapa indica que aumento da concentração de CO² na atmosfera pode gerar impactos no café e sua reação a pragas

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A preocupação com os impactos ambientais causados pelo aumento da poluição nos últimos anos não se limita apenas aos fatores climáticos. Com o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO²) atmosférico, a produção agrícola está passando por diversas mudanças, nem sempre positivas.

Não se sabe ao certo quais são os perigos que as mudanças climáticas podem gerar em relação à segurança alimentar. Apesar de existirem evidências positivas em relação aos efeitos do dióxido de carbono nas plantas, é necessário considerar que, diferente dos ambientes dos estudos científicos, as produções agrícolas sofrem influência de outros fatores externos, como patógenos e características climáticas diversas. 

Em um estudo recente desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente e pelo Instituto Biológico, cientistas avaliaram a interação entre o CO² e a cultura do café. A pesquisa considerou a variabilidade climática e a presença natural de insetos e pragas da lavoura para chegar a seus resultados. 

Mudanças climáticas podem alterar os cuidados com as produções agrícolas.
Mudanças climáticas podem alterar os cuidados com as produções agrícolas. (Fonte: Pixabay)

Impactos do CO² na cultura do café

Pela primeira vez, a relação entre o dióxido de carbono e os compostos fenólicos da cultura do café foram exploradas em um estudo científico. Para isso, os pesquisadores utilizaram um equipamento raro, chamado Free-Air Carbon Dioxide Enrichment (Face), que viabiliza o desenvolvimento de uma área experimental, ao ar livre, com aumento na concentração de CO².

A importância de estudos sobre essa relação se dá pelo fato de que os compostos fenólicos estão presentes não só no café, mas também nos alimentos comumente consumidos na dieta humana e em plantas que são utilizadas na medicina tradicional.

O experimento, portanto, ajuda a entender a influência do aumento de CO² na segurança alimentar do planeta, a longo prazo. No caso da cultura do café, a mudança desses compostos fenólicos pelo aumento de CO² pode alterar a interação biológica nos cafezais. Isso faz a dinâmica entre as plantas e os insetos herbívoros se alterar.

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Resultados científicos 

A metodologia utilizada no estudo da Embrapa foi:

  • avaliação dos efeitos do aumento de CO² e da variação climática local em plantas jovens de café, das cultivares Catuaí vermelho IAC-144 e Obatã vermelho IAC-1669-20; 
  • as plantas foram cultivadas na unidade FACE, no campo experimental da Embrapa Meio Ambiente, sob duas condições atmosféricas: normal e enriquecida com CO²; 
  • Folhas de café foram avaliadas quanto aos fenólicos solúveis totais (TSP), ácidos clorogênico (5-CQA) e cafeico (CAF), diversidade e tamanho populacional de ácaros ao longo de duas estações secas e duas chuvosas; 
  • O CO² atmosférico elevado diminuiu significativamente o 5-CQA no Catuaí, mas não afetou o Obatã.

“Contrariamente à nossa hipótese, o teor mais alto de CO² não elevou os fenólicos da folha do café, mas reduziu a concentração de ácido clorogênico (5-CQA) no cultivar Catuaí, na estação seca”, explicou o pesquisador Alfredo Luiz da Embrapa Meio Ambiente.

De acordo com Eunice Reis, outra pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, “o 5-CQA é conhecido por ser responsável por muitos aspectos da qualidade da bebida do café e por ter importante participação nas interações ecológicas, como sugerido por nossos resultados com a análise da população de ácaros, a redução dos níveis de 5-CQA nas folhas do café é um efeito indesejável do aumento na concentração de CO² na atmosfera, especialmente durante a estação seca, quando é observada alta incidência de ácaros e outras pragas em muitos sistemas de cultivo”.

“Simular esse fenômeno em experimentos agrícolas e estudar os efeitos sobre as plantas é fundamental para continuarmos produzindo alimentos”, enfatizou Alfredo Luiz.  

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Fonte: Embrapa.

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