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Os ativos financeiros estão ganhando espaço no financiamento do agronegócio, uma vez que os investidores são atraídos pela expansão do setor. O Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário cresceu 45% na última década, saindo de R$ 1,6 trilhão em 2012 para R$ 2,3 trilhões no ano passado, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Os novos produtos vêm mudando o mercado de crédito no campo. Desde a criação dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CPR), em 2004, até o lançamento do Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro), em 2021, a participação do crédito rural governamental vem diminuindo no polo de captação.
As linhas tradicionais de crédito rural não acompanharam a grande alta no preço das commodities e no custo de produção. “Isso abriu espaço para bancos privados, mercado de capitais e fornecedoras de insumos aumentarem os financiamentos do setor”, explicou Sergio Goldstein, Head de crédito estruturado da Itaú Asset.
Desafio para os ativos financeiros
Os ativos financeiros voltados à agropecuária são relativamente novos, e os investidores ainda conhecem pouco as dificuldades e oportunidades do setor. “Sempre surgem dúvidas sobre performance da safra, desafios logísticos, quebra do fornecimento nas cadeias de insumos e questões ambientais”, exemplificou Goldstein.
No entanto, os produtores agropecuários têm expertise, e a condição logística tem evoluído bastante. Por isso, esses questionamentos “são perfeitamente mitigados desde que o gestor conheça com profundidade os ‘subsetores’ do agro nos quais está atuando”, garantiu o executivo.
“Ainda há uma descorrelação de risco-retorno quando olhamos para o crédito no agro”, ele avaliou. Contudo, esse cenário pode mudar, pois o Brasil é um dos poucos países com condições de solo e clima extremamente favoráveis que permitem uma expansão contínua da produção nos próximos anos.
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Chegada do Fiagro
A chegada dos Fiagros tem o potencial de popularizar os ativos financeiros relacionados ao agronegócio. “É uma opção para o investidor capturar a expertise de gestores na seleção de ativos desse segmento, que tem muitas oportunidades e desafios, de certa forma bem endereçados”, comentou Goldstein.
O produto tem sido bem recebido pelo mercado. Até o momento, já são mais de 20 fundos desse tipo registrados na Bolsa de Valores do Brasil (B3). “A maioria vem entregando retornos acima do seu benchmark, com o benefício da isenção nos dividendos para pessoa física”, informou o CEO.
Existem três modalidades do ativo. Os Fiagros FIDC adquirem direitos creditórios do agronegócio, enquanto os Fiagros FIP poderão adquirir participações em empresas do setor; já os Fiagros FII seguem as mesmas regras dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII) adaptadas à agropecuária.
Como ainda não há uma resolução específica para os Fiagros, o mercado optou por seguir nos modelos mais conhecidos de FIIs. “A grande maioria seguiu estruturando fundos FIagro FIIs de ‘papel’ que adquirem CRAs, preponderantemente”, ele comentou.
Perspectivas para o mercado
“A relevância do agronegócio no PIB do Brasil vai ‘forçar’ o mercado a olhar cada vez mais para o setor”, acredita Goldstein. As atividades agropecuárias alcançaram uma participação no PIB de 27,4% em 2021, segundo dados do Cepea.
Conforme o setor se torna mais conhecido para os investidores e os produtos financeiros vão amadurecendo, o fluxo de recursos para esses ativos financeiros continuarão crescendo. “O Fiagro tem potencial, inclusive, para superar o tamanho da indústria de fundos imobiliários”, ele avaliou.
Fonte: Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Sergio Goldstein.