Açúcar: usinas esperam para fixar preços da próxima safra

31 de março de 2022 4 mins. de leitura
Usinas sucroalcooleiras do Brasil aguardam movimentos do mercado para fixar os preços de exportação do açúcar

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A safra 2022/2023 de cana-de-açúcar deve ser melhor do que a anterior. Outra boa notícia é que os preços do açúcar estão em um patamar elevado, porém as usinas sucroalcooleiras ainda hesitam em fixar os valores para exportação da safra 2022/2023, que começa em abril.

A safra 2021/2022 de cana-de-açúcar foi afetada pelas intempéries climáticas que alteraram os preços das commodities no Brasil. Mesmo assim, o setor alcançou boa produtividade: no Centro-Sul, em média, a safra ficou em 67 toneladas por hectare. Caso as previsões climáticas se concretizem, 2022 deve sofrer menos com os efeitos do La Niña, e a expectativa é que a nova safra se aproxime de 560 milhões de toneladas contra as 525 milhões de 2021/2022.

Apesar da expectativa de melhora na produtividade, as usinas sucroalcooleiras ainda esperam para fixar os preços. Na safra 2021/2022, 69% do açúcar exportado já estavam com os preços travados em dezembro anterior. Para 2022/2023, apenas 52,5% têm preços fixados, com valor médio de R$ 2.143 a tonelada.

A produção de cana-de-açúcar da safra 2022/2023 deve superar 560 milhões de toneladas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
A produção de cana-de-açúcar da safra 2022/2023 deve superar 560 milhões de toneladas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

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Flutuações de preços

Podemos apontar alguns dos fatores que levaram à aparente cautela para a negociação da commodity. Por conta da fraca temporada da cana brasileira em 2021, o Rabobank, banco holandês grande player do mundo das commodities, divulgou um relatório pessimista sobre a próxima safra no Brasil, e a preocupação colocou os preços em um movimento de alta.

Durante janeiro, o preço internacional do açúcar sofreu leve recuo; isso somado à desvalorização do real freou o movimento de hedge. Em fevereiro, porém, as tensões do Leste Europeu já alteraram o panorama novamente. O valor do adoçante é fortemente influenciado pelo valor do petróleo, por ser um substituto direto como combustível em diversos países. Com o barril do petróleo Brent ultrapassando os US$ 100, o açúcar também teve o preço perto da máxima.

Incertezas climáticas

Apesar dos preços elevados, muitas usinas ainda evitam fixar os valores. Um dos receios é que os produtores precisarão de mais tempo para realizar a colheita se as chuvas de verão não forem suficientes, então os compromissos não conseguirão ser cumpridos.

Lucratividade do etanol

Além disso, o movimento de aumento do petróleo faz que seja mais lucrativo produzir etanol do que açúcar. Nesse caso, é interessante deixar a cana “descomprometida” e migrar para o etanol quando o preço valer a pena.

Com essas pontuações, a expectativa do mercado é que as atividades se intensifiquem entre meados de abril e maio, um mês depois do que é de costume.

Lucratividade do etanol migra o esforço de usinas brasileiras e diminui a oferta internacional de açúcar. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Lucratividade do etanol migra o esforço de usinas brasileiras e diminui a oferta internacional de açúcar. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Preços atualizados

Na última semana, o açúcar conseguiu “fugir” do padrão de queda que acometeu várias soft commodities e subiu. O contrato para maio teve aumento de 0,57% (10 pontos) e chegou a 17 centavos de dólar por libra-peso.

Previsões do setor

A Organização Internacional do Açúcar (OIA) divulgou um relatório em que diminuiu a estimativa do déficit do açúcar em 2021/2022. O documento anterior a esse, de novembro de 2021, falava em um déficit de 2,55 milhões de toneladas, mas a nova previsão é que a demanda supere a oferta em 1,93 milhão de toneladas.

O órgão também informou que a produção mundial deve chegar a 170,5 milhões de toneladas no período; portanto, o consumo mundial deve ser de 172,44 milhões de toneladas.

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Fonte: Udop, RPA News.

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